Rede social de educação Brainly mira no Brasil para expansão global

Em visita ao Brasil, CEO Michal Borkowski falou sobre vocação e metas da plataforma que atua como comunidade de perguntas e respostas.

Poucas coisas na vida te deixam tão exposto quanto levantar a mão em meio a uma sala de aula para fazer uma pergunta da qual você nem tem muita certeza. Para estudantes introvertidos, pode se tratar de um pesadelo de suar frio.
Pois, estudantes tímidos poderiam ser o público alvo da startup polonesa de educação Brainly, que oferece uma espécie de comunidade online de perguntas e respostas para estudantes, onde os próprios são aqueles que perguntam e quem fornecem as respostas. Sem constrangimentos. Mas quando pergunto a missão da companhia ao seu CEO, Michal Borkowski, este diz que o objetivo da empresa é conectar estudantes do mundo inteiro - sem ressalvas a respeito de suas personalidades, claro. 
A ambição da startup passa pelo Brasil, principal mercado da plataforma na América Latina, e que chegou ao País em 2012. A startup foi criada em solo polonês em 2009, quando seus fundadores, entre eles Borkowski, eram universitários com seus 20 e poucos anos.
O empreendedor esteve recentemente no Brasil para falar sobre a startup presente hoje em 35 países, com escritório na Cracóvia e em Nova York. No Brasil, a Brainly deu início a uma operação pequena há poucos meses, da mesma forma iniciou presença local no México e com planos de abrir, em breve, escritório em Barcelona.
Em resumo, o Brainly é uma espécie de rede social de educação voltada para estudantes do ensino fundamental, médio e superior, onde o próprio usuário tem papel central. Para engajar os colaboradores, há um sistema de pontuação que gera um ranking. Assim, quem responde perguntas ganha pontos e a melhor resposta – escolhida pelo autor da pergunta – soma ainda mais pontos. Trata-se de um modelo simples que conta atualmente com 80 milhões de usuários mensais no mundo todo, sendo 7 milhões deles residentes no Brasil, segundo a própria startup. O volume de perguntas feitas na plataforma também é impressionante, são 100 mil por dia, com questões separadas por disciplinas, entre elas matemática, história, geografia, português, física, sociologia e com categoria dedicada exclusivamente ao Enem.
“É um mercado gigantesco [Brasil]. Quando você vê os números de pessoas que vivem aqui, o número de estudantes que tem acesso à Internet, fica bem claro para qualquer companhia que esta região é muito importante. Uma das nossas prioridades enquanto é como sair dos 80 milhões para centenas de milhões de usuários o mais rápido possível e você não pode atingir isso sem estar no Brasil e na América Latina”, ressalta.
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Michal Borkowski, CEO do app Brainly
Democratização do ensino
Neste ano, a startup recebeu um aporte de US$ 15 milhões do fundo de investimentos sul-africano Naspers, cujo portfólio no Brasil conta com as startups Movile, que controla os apps PlayKids e o iFood, de pedidos online. 
Além da versão para desktop, o Brainly conta com aplicativo (Android e iOS) e seu uso é gratuito. Borkowski conta que a startup não possui ainda um modelo de monetização definido e que a primeira fase da empresa tem como foco aumentar sua base de usuários.
“Estamos estudando modelos que possam ser monetizados, de uma forma similar ao que o Facebook fez, no início focando apenas no crescimento de usuários para depois pensar em modelo de negócios”, avalia o CEO.
Borkowski diz tomar a si mesmo como o exemplo de usuário da plataforma que ajudou a construir. Vindo de uma pequena cidade da Polônia, com pouco mais de 60 mil habitantes, o empreendedor vê na Internet a saída para democratizar o ensino.  “As pessoas não sabem tudo, mas todo mundo tem algum tipo de conhecimento para compartilhar”, resume. 
Um dos desafios de plataformas como o Brainly reside na curadoria das informações, afinal como dizer que uma resposta de fato é certa? Segundo a startup, esse trabalho é avaliado por uma série de moderadores, estudantes e professores voluntários do próprio Brainly. 
Em um mercado onde cada vez mais startups têm visto a educação como menina dos olhos para revolucionar modelos tradicionais, a Brainly também corre para diferenciar-se e manter-se competitiva. A startup aposta na personalização do ensino e para isso tem estabelecido parcerias com universidades nos Estados Unidos para desenvolver algoritmos que facilitem e promovam o aprendizado, um projeto que se encontra em andamento. Ao mesmo tempo, Borkowski afirma não querer deixar de lado uma das principais vocações do aplicativo: o social.
“Nossa visão é dar acesso a educação personalizada a estudantes do mundo todo e inspirar aqueles a aprenderem em uma comunidade colaborativa. É uma missão a longo prazo que nunca termina”.