A aula que você dá e não vê

Brasilio Neto

Ah, as maravilhas da comunicação sem palavras. Certamente você conhece colegas que usam diversos truques para chamar a atenção dos alunos. Alguns dão uma tapinha na mesa. Outros acendem e apagam as luzes da sala rapidamente. Outros fazem aquele “hum-hum” com a garganta. Existem os que mudam completamente o ambiente de uma sala de aula apenas com um olhar.
Você certamente conhece vários truques como estes. Lembro de uma professora que era capaz de dobrar o indicador para trás ate que ele ficasse quase a 90º da costa da mão. E era dessa maneira que a educadora reforçava alguns pontos. Escrevia algo no quadro e pressionava o dedo ali, pressionando-o contra a lousa.
Toda vez que nos, alunos, víamos aquele dedo para trás, numa posição antinatural, sentíamos um friozinho no estomago, mas prestávamos mais atenção, tanto ao dedo, quanto a matéria que ele estava apontando. E também, lógico, tem o caso do professor que usava o apoio de giz (aquela madeira que fica embaixo do quadro-negro) como apoio de si mesmo. Ele chegava, pousava a m?o direita sobre o apoio, cruzava as pernas e começava a falar...ate o dia em que, finalmente, a madeira não agüentou o peso, quebrou e o pobre educador levou um tombo magistral.
Tais exemplos são apenas a ponta de toda uma comunicação que passamos aos outros e, na maioria das vezes, nem se damos conta.
Espaço, a fronteira inicial

Para alguns professores, a sala de aula limita-se a 2 metros a frente do quadro-negro. A partir dai, e território dos alunos, conforme afirma um Tratado de Tordesilhas imaginário auto-aplicado.
Outros circulam pela sala, encostam-se na parede do fundo e de lá dão suas aulas. Os alunos têm duas opções: ou permanecem voltados para o quadro-negro, só ouvindo o que o educador tem a dizer, ou torcem-se para visualizar o professor.
E ha ainda aqueles que caminham entre as fileiras de alunos como um militar em revista a tropa. Todos esses são estilos que podem ser melhorados, conforme a situação.
Algumas dicas:
Crie ancoras visuais para seus alunos. Desde o primeiro dia de aula, defina determinado canto da sala para assuntos leves e piadas, outro canto para falar sobre a matéria, um canto para interação direta com os alunos. Você não precisa dizer nada para seus alunos, apenas se movimentar para aquele ponto da sala de aula toda vez que desejar tomar uma ação especifica. Assim sempre que os alunos o verem caminhando para a posição descontraída já começarão a relaxar, e sempre que você for para o local da interação já começarão a imaginar algumas questões.

De vez em quando, mude a disposição das carteiras ou dos alunos. O simples fato de sentar em outro lugar já muda toda a perspectiva do aluno em sua aula. Ele passa a prestar atenção a novas coisas, vê a matéria de maneira diferente. Isso também ajuda sua turma a se conhecer melhor, ajudando a acabar com as panelinhas.
Circule pela sala de aula, com movimentos calmos e tranqüilos. Cuidado para não ficar muito tempo parado ao lado de um mesmo aluno. Geralmente, como os intervalos entre as filas de carteiras s?o apertadas que sua proximidade física pode incomodar. Assim, ande entre duas fileiras um dia, entre outras duas em outra ocasião, e assim por diante.
Pense na sala como um todo. Você da aula tanto para o pessoal da primeira fila como para a turma do fundão. Faca contato visual com alunos que sentam em locais diferentes, na hora de mostrar algo o faça tanto a altura de sua cabeça, para que o pessoal do meio para trás veja, como um pouco abaixo da altura de seu peito, para o pessoal das três primeiras carteiras.
Erros a serem evitados
Eis aqui algumas posturas que devem ser evitadas durante suas aulas:
* Ficar parado em um ponto, apoiando-se de lado. A mensagem oculta que esse professor passa e “estou chateado e preferia estar em outro lugar”. Solução: quando estiver parado, mantenha seu peso uniformemente equilibrado e os quadris nivelados.
* Inclinado sobre uma estante ou parede. A mensagem que e passa diz “Estou cansado demais para ficar em pé”, ou “não quero nem me incomodar em dar essa aula”. Solução: evite se apoiar, ou o faça por períodos muito curtos.
* Sentado a mesa onde se encontram suas anotações. O que tal educador diz e: Não preciso fazer nenhum esforço aqui, pois sou mais importante que vocês. Solução: a não ser em determinados momentos (como chamada e correção de provas), fique em pé.
Como os outros o vêem

Na hora de se vestir, cuidado com o básico. Que e preciso manter suas roupas em ordem e não usar acessórios exagerados, isso ninguém discute. Mas e preciso ampliar um pouco essa regra para incluir o bom senso. Existem professoras que dão aula em faculdades e usam mini-saias. Depois, querem que os alunos prestem atenção nas aulas.
O cuidado com acessórios exagerados inclui também o que não e visto, mas ouvido e sentido. Perfumes muito ativos devem ser barrados, assim como sapatos que rangem ou cujo salto faca toc-toc-toc a cada passo que você dá. E outra vantagem inerente a sapatos silenciosos: os alunos não escutarão você chegando na sala.
Separe tempo para exercícios no mínimo três vezes por semana. Alem de aumentar sua capacidade pulmonar e cardíaca, fazendo com que você se expresse melhor em sala de aula, os exercícios aumentam sua disposição. Ha poucas coisas piores do que dar uma aula para um professor com cara de ontem.
Cuidado com seu estilo. Assim que os alunos o verem pela primeira vez, vão formar um conceito de você para o resto do ano. Então, escolha suas roupas conforme a mensagem que deseja passar. Jeans e camiseta são a marca de uma aula descontraída, com muita participação dos alunos. Um tailler elegante representa o sucesso que aquela educadora alcançou, mas também que se pode esperar uma aula um pouco mais rígida. Professores homens, nessa área, têm mais sorte. Para mudar de um visual totalmente catedrático e de imposição para alguém próximo aos alunos, basta tirar o paletó e dobrar as mangas da camisa.
E recomendável expor o seu rosto, não escondê-lo atrás de óculos escuros, barba, cabelos. Você não tem nada a esconder.
O estresse que deforma
Respiração curta, que quase não oferece fôlego para frases mais longas. Músculos do pescoço retesados, ombros encolhidos. Gestos curtos, rápidos, feitos a altura da cintura. Sem duvida, estamos diante de um professor com estresse que, como se vê, prejudica a aula mais do que se percebe. Nessa situação, pode-se tentar um sorriso, dar a aula na mesma entonação de sempre, não adianta. Os alunos percebem que algo não esta bem com o professor através daquele sinais que ele não controla. Algumas dicas para impedir que o estresse estrague suas aulas:
* Levante quinze minutos mais cedo para que sua manhã seja menos apressada.
* Evite marcar compromissos demais para um dia, seja realista. Você não vai conseguir dar quatro aulas, levar a turma da sexta serie ao museu, corrigir as provas da oitava e ir ao dentista no mesmo dia.
* Aprenda a dizer não a projetos e atividades com a comunidade se você não tem tempo disponível. Tenha certeza de conseguir uma boa noite de sono.
* Relaxe nos fins de semana.
* Foque no que esta acontecendo hoje em vez de se preocupar apenas com o amanhã.
* Estabeleça uma distancia emocional de seu trabalho. Ensinar e uma profissão em que o trabalho nunca acaba, e pode facilmente ocupar todos os momentos disponíveis em sua vida. Dê-se permissão para trabalhar um razoável numero de horas por dia e tenha tempo para você, sua família e amigos.
Passe confiança
A pessoa autoconfiante apresenta uma postura ereta, calma e aberta, com as mãos pendendo os lados do corpo ou no colo. Pode cruzar os braços e as pernas, mas sempre de maneira relaxada.
A expressão facial também e relaxada, mostrando sinceridade, confiança e receptividade. A pessoa autoconfiante cumprimenta os outros com um sorriso verdadeiro. As mensagens da linguagem corporal apenas costumam ser percebidas no nível subconsciente, mas são muito significativas em relacionamento entre pessoas.
Os movimentos são constantes, controlados e relaxados. Uma pessoa autoconfiante tem a tendência a se inclinar na direção de seu interlocutor, mas ainda mantendo a cabeça ereta numa postura receptiva em vez de ameaçadora.
Os gestos são apropriados para a conversação, sem maneirismos excessivos ou impertinentes.
O contato visual e direto e regular, mostrando atenção e interesse.
Uma dica para melhorar sua postura: ao assistir um filme ou televisão, tente descobrir o que esta acontecendo sem prestar atenção no som. Interprete o relacionamento entre as pessoas simplesmente por suas expressões, movimentos e gestos. Você ficara surpreso com o quanto será capaz de deduzir.
Saúde também conta
Alem da postura que o ajuda a ensinar, existe aquela que evita problemas no futuro. Seu corpo pode começar a reclamar, mais cedo do que imagina. Exames médicos Nelson Piquet, devido a posição com que ele ficava no carro tem uma coluna comparável a de um velho de 80 anos. O mesmo valia para Luiz Gonzaga, devido ao peso da sanfona. Então, a primeira regra e não se permitir ficar muito tempo em uma posição. Se estiver mais de uma hora sentado, levante-se. Se estiver ha mais de uma hora parado em pé, ande um pouco. Acompanhe outras dicas:
* Quando estiver sentado, procure n?o ficar com os ombros caídos. O encosto reto da cadeira ajuda a manter a coluna reta, evitando dores nas costas.
* Nunca suba escadas com a coluna inclinada para a frente. Suba com a coluna reta e o pé completamente apoiado no chão.
* Para erguer qualquer objeto do chão, o correto e flexionar os joelhos e manter a coluna reta; o peso deve ficar o mais próximo possível do tronco.
* Não durma de bruço. Prefira dormir de lado ou de barriga para cima. Não carregue, em nenhuma hipótese, peso na cabeça. O ideal e dividir o peso proporcionalmente nos dois lados do corpo.
* Preste bastante atenção as condições do piso antes de carregar qualquer peso, para evitar tropeções, escorregões e torções.
BOXE E OS PAIS DE ALUNOS E COLEGAS?
Ao se lidar com pais de alunos e colegas, e necessária toda uma nova postura. A começar pelo cumprimento. Luis Fernando Veríssimo diz detestar esse momento, e de não saber, ate hoje, se o certo são três ou dois beijinhos:
— Oi (mua). Muito (mua) prazer.
Na duvida, e devido ao seu cargo e posição em sua instituição de ensino, seja profissional e fique com o aperto de mão.
Existem basicamente quatro oportunidades em que você aperta as mãos de alguém em uma instituição de ensino:
1. Quando você e apresentado a alguém e/ou quando vai se despedir.
2. Quando um Pai de aluno ou qualquer outro visitante entre no seu colégio.
3. Quando você encontra alguém que não vê a muito tempo.
4. Quando você entra numa reunião e é apresentado aos participantes.
Se você esta sendo apresentado a alguém, e você achar que uma das quatro ocasiões de apertar as mãos esta por ocorrer, leve em conta estas regras simples de etiqueta:
- Fique em pé
– isso serve tanto para homens quanto para mulheres.
- De um passo ou incline-se para frente.
- Olhe a outra pessoa nos olhos.
- Sorria.
- Aperte as mãos
- Saúde a outra pessoa e repita seu nome
Depois disso, você provavelmente vai conversar com aquela pessoa. Algumas dicas para fazê-lo de maneira correta:
- Incline-se levemente em direção a pessoa quando ela estiver falando.
- Sorria e concorde levemente com a cabeça
- Tente copiar levemente os gestos da pessoa.
Caso não tenha segurança e fazer isso sem que ela note, acompanhe o gestual de outra maneira. Por exemplo, balance a caneta na mão sempre que seu interlocutor balançar a perna.
Profissão Mestre!

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