Uma pesquisa realizada pela Universidade de Oxford, na Grã-Bretanha, e
pela Universidade Princeton, dos Estados Unidos, afirma que a extinção de
grandes animais há cerca de 12 mil anos, principalmente herbívoros, pode ter
contribuído para que o solo de vastas regiões da Amazônia perdesse nutrientes e
ficasse mais “pobre” em fósforo do que era no passado.
O estudo foi publicado no site da revista “Nature
Geoscience”. Análises sobre a influência da extinção da megafauna na bioquímica
do solo de florestas, cerrados e outras áreas até agora haviam sido pouco
representativas, afirmam os cientistas.
Eles dizem que animais como o gliptodonte (“parente” dos tatus que
chegava a medir até 3 metros de comprimento) e a preguiça-gigante, que foram
extintos, faziam o transporte “lateral” de nutrientes. Fósforo e outros
elementos eram espalhados através das fezes, de restos de alimentos e dos
cadáveres destes seres, diz o estudo.
Um modelo matemático criado pelos pesquisadores analisa o transporte
“lateral” como método de difusão de substâncias. “Demonstramos que grandes
animais tinham um papel essencial na transferência de nutrientes em áreas
extensas”, ressaltam os cientistas, na pesquisa.
O efeito da extinção das espécies na Floresta Amazônica, principalmente
na região leste, foi a redução do fluxo “lateral” de fósforo em mais de 98%,
estimam os pesquisadores. Casos semelhantes podem ter ocorrido na Ásia, Europa
e Austrália, mas com efeitos menores, afirma o estudo.
“A atual limitação do fósforo disponível em certas regiões da Amazônia
pode ser parcialmente a ‘herança’ de um ecossistema sem a conexão funcional que
teve no passado”, ponderam os pesquisadores, no texto publicado pela “Nature
Geoscience”.
(Fonte: G1)