Cientistas encontraram o primeiro crustáceo venenoso, uma criatura que parece uma centopeia e vive em cavernas submarinas no Caribe, nas Ilhas Canárias, e na costa oeste da Austrália, e se alimenta de outros crustáceos.
O remípede Speleonectes tulumensis é cego e usa um composto que derrete
suas presas, semelhante ao veneno da cobra cascavel. O veneno contém um
coquetel complexo de toxinas, incluindo enzimas e um agente paralisante.
A descoberta foi divulgada na
publicação científica Molecular Biology and Evolution.
O crustáceo rompe os tecidos do
corpo da presa com seu veneno e suga o líquido de seu exoesqueleto. “Eles têm
pernas robustas e preênseis, que lembram agulhas hipodérmicas” disse à BBC
Brasil Ronald Jenner, coautor do estudo e zoologista no Museu de História
Natural de Londres.
“As pontas das pernas são ocas
e têm uma abertura, como nas agulhas. Essas pernas contém um reservatório de
veneno rodeado por músculos. Acreditamos que quando esses músculos se contraem,
o veneno é empurrado e injetado na presa”.
Animais peçonhentos – “Os resultados desse estudo ajudam a melhorar
a nossa compreensão sobre a evolução dos venenos dos animais”, disse Jenner.
“Essa técnica de se alimentar,
semelhante a de uma aranha, é única entre crustáceos. Esse veneno é claramente
uma forma de adaptação para essa espécie cega que vive em cavernas pobres em
nutrientes.”
O grupo dos crustáceos é
bastante numeroso e faz parte do filo de animais invertebrados artrópodes.
Entre os crustáceos estão o camarão, a lagosta e o caranguejo.
A maioria vive na água, mas
alguns, como o oniscídea, ou tatu-bola como é conhecido popularmente, vivem em
terra.
Bjoern von Reumont, também do
Museu de História Natural, comentou: “Esta é a primeira vez que vimos veneno
sendo usado em crustáceos, e o estudo adiciona um novo grupo importante para a
lista de animais peçonhentos.”
“Venenos são especialmente
comuns em três dos quatro principais grupos de artrópodes, como insetos.
Crustáceos, no entanto, são uma notável exceção à regra.”
“Apesar da variedade, até hoje
não se conhecia nenhuma das cerca de 70 mil espécies descritas de crustáceos
como sendo venenosa”, disse von Reumont.
(Fonte: Portal iG)