O desenvolvimento tardio de Alzheimer está fortemente ligado a um gene
denominado APOE4. Quem possui essa variação genética tem até 10 vezes mais
risco de desenvolver a doença em idades avançadas. Agora, pesquisadores
revelaram detalhes sobre o mecanismo pelo qual esse gene interfere na
fisiologia do cérebro, levando à doença.
Os resultados foram publicados na revista “Nature”.
Para desenvolver o estudo, cientistas da Universidade de Columbia, nos Estados
Unidos, questionaram se os mecanismos moleculares que levam ao Alzheimer tardio
são diferentes entre pessoas que carregam a mutação APOE4 e pessoas que não têm
essa variante genética.
Em seguida, os autores fizeram análises comparativas entre indivíduos
saudáveis portadores do gene APOE4 e indivíduos que desenvolveram o Alzheimer
de forma tardia (tanto os que também possuíam o gene APOE4 quanto os que não
possuíam a variante genética).
Como resultado, os pesquisadores demonstraram que o padrão da expressão
do gene no cérebro dos portadores do APOE4 tem muitas semelhanças com os
padrões de expressão genética nos pacientes com Alzheimer. Eles sugerem, assim,
que esse perfil alterado pode ser uma indicação precoce da doença.
O grupo de pesquisa também testou, em cultura de células, a droga
levetiracetam, que demonstrou ser capaz de inibir os genes identificados pelo
estudo. A droga, que atualmente é utilizada para tratar convulsões, pode ser
estudada mais profundamente para esse propósito no futuro.
“Outra conclusão desse trabalho é a demonstração de que formas genéticas
diferentes ou subtipos da doença de Alzheimer podem ter mecanismos subjacentes
específicos e responder de maneira distinta a tratamentos”, diz o artigo
escrito pelos pesquisadores Vivek Swarup e Daniel H. Geschwind, da Universidade
da Califórnia em Los Angeles (UCLA), também publicado na “Nature”.
Eles concluem que, assim como no câncer, terapias baseadas em diagnósticos
genéticos ou genômicos podem ser mais eficazes também contra o Alzheimer.
(Fonte: G1)