Estudo realizado na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da
USP revela que idosos com depressão apresentam baixas concentrações de ômega 3
no organismo.
A pouca quantidade desse ácido graxo nos participantes da
pesquisa pode estar relacionada à falta de ingestão de alimentos ricos em ômega
3. Esta é a conclusão da nutricionista Marina Balieiro Cetrulo, autora do
estudo.
A pesquisadora lembra que o déficit de ômega 3 em depressivos pode não
estar associado só a ingestão alimentar, mas também à interação da dieta com o
metabolismo e uma predisposição genética em incorporar ácidos graxos de forma
distinta. “Fatores genéticos podem resultar em uma menor absorção celular de
ômega 3, o que já foi demonstrado em modelos animais, onde a dieta pode ser rigorosamente
controlada”, revela.
Para medir a quantidade de ingestão alimentar de ômega 3, a
nutricionista utilizou o chamado recordatório alimentar de 24 horas, que é o
simples relato do participante da pesquisa de todos os alimentos e bebidas
ingeridas no dia anterior. Os participantes fizeram esse relatório de 24 horas
ao dia, por 3 dias não consecutivos, sendo um desses dias no final de semana.
“Não foi incluído na pesquisa aqueles que fizessem uso de qualquer tipo de
suplemento de ômega 3. A ingestão de ômega 3 relatada refere-se somente à
alimentação habitual dos participantes”.
Além do relatório, foram coletadas amostras sanguíneas dos participantes
para dosagem dos ácidos graxos. Foram avaliados 35 idosos do sexo feminino,
diagnosticados com depressão e em tratamento medicamentoso, e 35 idosos sem
depressão – grupo controle – também do sexo feminino, com idade média de 74 e
73 anos, respectivamente.
O grupo com depressão apresentou 1,97% de concentrações de ômega 3 total
no soro, enquanto o grupo controle apresentou 2,44%. Já os índices de outro
ácido graxo essencial (DHA) foram de 1,01% e 1,35%, respectivamente. “Mesmo
depois de ajustes de variáveis, como por exemplo, aqueles que fazem atividades
físicas a diferença permaneceu”, diz a nutricionista.
Resultados inéditos no Brasil – Ela diz que esses resultados são inéditos para a população brasileira
e que são semelhantes aos encontrados na população europeia, descritos em
outras pesquisas que buscaram esta associação.
“Nossos resultados apoiam futuras investigações que avaliem alternativas
dietéticas como, por exemplo, a inclusão de alimentos fonte de ômega 3 na dieta
habitual ou suplementação de óleo de peixe em pacientes idosos com depressão”,
afirma. A pesquisadora lembra ainda que a depressão é a doença psiquiátrica de
maior prevalência nesta população.
A pesquisa de mestrado Comparação dos níveis séricos de ômega 3 de
idosos com depressão em tratamento e saudáveis foi defendida no dia 6 de março,
com orientação do professor Alceu Afonso Jordão Junior, do Departamento de
Clínica Médica da FMRP/USP.
(Fonte: Agência USP de Notícias)