As doenças mentais graves estão relacionadas a taxas mais altas de consumo de drogas

As pessoas com doenças mentais graves que padecem de esquizofrenia ou transtorno bipolar têm mais risco de consumo de drogas, sobretudo tabagismo (cigarros), e os fatores protetores que no geral se associam a taxas mais baixas de consumo de drogas não existem nas doenças mentais graves, segundo um novo estudo financiado pelo National Institute on Drug Abuse (NIDA), parte do National Institutes of Health.


As estimativas baseadas em estudos prévios parecem indicar que as pessoas com diagnóstico de transtornos afetivos ou com ansiedade têm cerca de duas vezes a probabilidade da população geral de apresentar também um transtorno por consumo de drogas. As estatísticas da Pesquisa Nacional sobre o Consumo de Drogas e Saúde de 2012 indicam que aproximadamente 8,4 milhões1 de adultos nos Estados Unidos têm tanto um transtorno mental como um transtorno por consumo de drogas. No entanto, só 7,9% dos pacientes recebem tratamento dos dois problemas e 53,7% não recebem nenhum tratamento, conforme indicam as estatísticas2.
Os estudos nos que se analisa o vínculo entre os transtornos por consumo de drogas e outras doenças mentais pelo geral não incluíram pessoas com doenças psicóticas graves.

«O consumo de drogas afeta muitos dos mesmos circuitos cerebrais que se alteram nos transtornos mentais graves como a esquizofrenia», disse a diretora do NIDA, Dra. Nora D. Volkow. «Embora nem sempre possamos demonstrar uma conexão ou causalidade, sabemos que determinados transtornos mentais representam fatores de risco para os distúrbios por consumo de drogas subsequentes, e vice-versa».

No presente estudo 9142 pessoas com diagnóstico de esquizofrenia, transtorno esquizoafetivo ou transtorno bipolar com manifestações psicóticas e 10.195 controles pareados com os participantes segundo região geográfica, foram selecionados utilizando o programa de Coortes Psiquiátricas Genômicas3. Confirmaram-se os diagnósticos de transtorno mental empregando a Entrevista Diagnóstica para Psicose e Transtorno Afetivo (DI-PAD) e foram avaliados os controles para verificar que não tivessem esquizofrenia ou transtorno bipolar eles mesmos ou familiares próximos. Do mesmo modo, utilizou-se a DI-PAD em todos os participantes para determinar as taxas de consumo de drogas.

Em comparação com os controles, as pessoas com doenças mentais graves mostraram cerca de quatro vezes mais probabilidades de ter um considerável consumo de álcool (quatro ou mais drinques por dia); 3,5 vezes mais probabilidades de utilizar maconha com regularidade (21 vezes ao ano) e 4,6 vezes mais probabilidades de consumir outras drogas pelo menos 10 vezes em suas vidas. Os maiores incrementos se observaram com o tabaco de maneira que os pacientes com doenças mentais graves tiveram 5,1 vezes mais probabilidades de ser fumantes cotidianos. Isto é uma preocupação já que o tabagismo é a causa principal de morte evitável nos Estados Unidos.

Além disso, determinados fatores protetores que frequentemente se relacionam com o fato de pertencer a determinados grupos raciais ou étnicos -ou ao gênero feminino- não existiam em participantes com doenças mentais graves. «Na população geral, as mulheres têm taxas de consumo de drogas mais baixas que os homens, e os americanos de origem asiática mostram taxas de consumo de drogas mais baixas que os americanos caucásicos, mas não observamos essas diferenças nas pessoas com doenças mentais graves», disse a Dra. Sara Harris, da Escola de Medicina da Universidade de Washington em St. Louis e primeira autora do estudo. «Também vimos que nas pessoas jovens com doenças mentais graves, as taxas de tabagismo foram tão altas como as taxas de tabagismo em adultos de média idade, apesar do sucesso para reduzir as taxas de tabagismo em pessoas jovens da população geral».

Pesquisas prévias demonstraram que as pessoas com esquizofrenia têm uma esperança de vida mais breve que a população geral e o tabaquismo crônico de cigarros foi indicado como o principal fator contribuinte para maior morbidade e mortalidade por câncer bem como doenças cardiovasculares e respiratórias. Estes novos achados indicam que talvez sejam subestimadas as taxas de consumo de drogas em pessoas com psicose grave, o que ressalta a necessidade de melhorar a compreensão da relação entre o consumo de drogas e os transtornos psicóticos, de maneira que possam ser tratados com eficácia ambos os problemas.

(Medical News Today)

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