Cientistas descobrem novo pássaro em parte ocupada da Amazônia

Pesquisadores do Museu Emilio Goeldi, localizado no Pará, descobriram uma nova espécie de ave que vive na Amazônia, em regiões já ocupadas pelo homem.


O novo pássaro foi batizado de torom-de-alta-floresta (Hylopezeus whittakeri) e só foi encontrado graças a exames de DNA e análise de canto realizados pelos cientistas.

Os resultados contribuíram para diferenciar essa espécie endêmica (nativa de determinada região), antes classificada como uma das três subespécies de torom-carijó (Hylopezeus macularius).

A nova espécie vive na região entre os rios Madeira e Xingu, considerada uma das áreas mais ocupadas pelo homem na Amazônia, cortada pelas rodovias Transamazônica e BR-163 (que liga Cuiabá a Santarém). Segundo os cientistas, ambas as estradas são eixos de desenvolvimento e também de desmatamento.

Exemplares da espécie podem ser encontrados em maior quantidade próximo à cidade de Alta Floresta (MT) – por isso, a menção do local no nome popular do pássaro. No entanto, essa ave vive também nos estados do Pará e Amazonas.

Apesar de viver em uma região que sofre constante transformação pela ação do homem, o torom-de-alta-floresta não está ameaçado de extinção, mas, segundo os cientistas, essa situação pode mudar em breve.

De acordo com Lincoln Silva Carneiro, doutorando em zoologia do Museu Emilio Goeldi e principal autor do estudo que identificou a espécie, a ciência entrou em uma nova fase de descobertas de espécies graças às modernas tecnologias.

“Temos o advento de técnicas de biologia molecular e uso de DNA, e chegamos a regiões remotas. Isso, com certeza, vai nos ajudar a descobrir novas espécies na Amazônia”, explica.

Mais aves amazônicas – De fato, ainda há muito o que se descobrir na Amazônia. O G1 divulgou este mês que cientistas brasileiros e americanos descreveram um grupo de 15 novas espécies de aves que vivem nesse bioma. Os pesquisadores afirmam que essa quantidade identificada é a maior da ornitologia brasileira dos últimos 140 anos.

Foram reunidos dados de trabalhos feitos anteriormente, além de análises genéticas e comparações morfológicas, para chegar à conclusão de que se tratavam de novas espécies que vivem no bioma amazônico, um dos que possuem a maior biodiversidade do mundo.

As aves foram encontradas no sul da Amazônia, em áreas dos estados do Amazonas, Pará, Acre, além de trechos de Rondônia e Mato Grosso. Quase todas vivem em áreas próximas a rios, como o Tapajós, Madeira, Roosevelt e Purus, ou em regiões isoladas, com vegetação alta ou mata rasteira, conhecida como campina ou campos amazônicos.

Dados como nomes científicos ou informações sobre localização e hábitos das espécies não puderam ser antecipados pelos pesquisadores. Não há imagens registradas de todas as aves, já que, em alguns casos, foram feitas apenas observações e, posteriormente, ilustrações que serão divulgadas em um periódico especializado, ainda neste semestre.

Das 15 novas aves, 11 só são encontradas no Brasil. As demais podem ser vistas também no Peru e na Bolívia. Porém, a descoberta vem acompanhada de um alerta: pelo menos quatro espécies já são consideradas vulneráveis na natureza: o arapaçu-barrado-do-xingu, o arapaçu-do-tapajós, o poiaeiro-de-chicomendes e a cancão-da-campina.

Outra coincidência alarmante é que os membros recém-descritos da fauna brasileira vivem em uma região denominada “Arco do Desmatamento”, trecho que compreende uma faixa entre a Bolívia e o Brasil, que passa por Mato Grosso, Pará e Rondônia, e é conhecida pelas altas taxas de destruição da florestas e queimadas em decorrência do avanço de centros urbanos e do aumento de atividades agropecuárias. 

(Fonte: G1)

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