Conheça dez fontes inusitadas de geração de energia


Pré-requisito essencial para executar qualquer ação, desde ler essas palavras até correr quilômetros a fio: a energia é componente fundamental do mundo tal como o vivenciamos. A protagonista da Revolução Industrial se inseriu no nosso cotidiano tão profundamente, que é difícil até imaginar nossas vidas sem uma de suas formas, a eletricidade.
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A demanda pela energia elétrica aumentou, exponencialmente, no último século e deve dobrar nas próximas décadas. Para atendê-la, as formas tradicionais de obtenção de energia, a partir do carvão ou do petróleo, já não suficientes, uma vez que são limitadas e extremamente poluidoras.

Apesar das fontes renováveis começarem a emergir neste cenário, somente agora começamos a explorar a riqueza de formas em que o potencial energético está contido. Um número crescente de cientistas está voltando suas pesquisas para descobrir novas formas de extrair energia, não apenas da natureza, mas também dos produtos criados pela humanidade. 

Desses estudos têm surgido fontes inusitadas de obtenção de energia, produtos com potencial para transformar as formas de energias conhecidas, da térmica à cinética, em eletricidade. Se não têm capacidade para fazer cócegas no suprimento da demanda energética, ao menos essas novas descobertas devem ajudar na fabricação de uma geração de eletroeletrônicos energicamente autossuficientes.

Conheça a seguir dez fontes de energia curiosas, do papel picado ao refrigerante:

1 - Água

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Foto: divulgação
 
Sim, a água como fonte de energia não é novidade. Afinal, há décadas o Brasil utiliza o movimento dos rios para a geração elétrica, certo? Não exatamente. Além do potencial de energia cinética, obtida com o movimento, a água pode produzir energia de outra forma: a partir da eletrólise, que separa as moléculas de hidrogênio e oxigênio.

Já existe até um notebook que funciona com este conceito, o Plantbook. Para recarregá-lo, basta colocar a bateria em um vaso com água e próximo ao sol, que dá uma energiazinha para que eletrólise aconteça, em um processo similar à fotossíntese.

2 - Corpo Humano

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Foto: divulgação
 
Você mesmo é uma fonte potencial de energia ambulante. Dá para produzir eletricidade com o movimento de seu corpo, com sua voz e até mesmo com o seu calor e peso. Projetos de aparelhos que captem a energia humana já existem ao montes e alguns até já estão em prática, como a academia que utiliza o movimento dos "ciclistas" para produzir sua energia.

No futuro, o potencial energético do nosso corpo poderá até ser amplificado. Como é o caso da motocicleta elétrica Tesla E-Max, que funciona à base do peso e o calor do motorista. Equipado com uma camada de material piezoelétrico, o veículo capta a energia potencial gravitacional do motorista e transforma em eletricidade para os motores independentes localizados nas duas rodas.

3- Papel picado

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Foto: divulgação
 
Cientistas da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, conseguiram utilizar papel comum, como o que está aí na sua impressora, como fonte de eletricidade. Para tanto, eles combinaram papel branco com nanotubos de carbono e de lítio, e reagiram os três elementos criando uma carga elétrica capaz de alcançar 2,3 volts - o suficiente para acender LEDs e pequenas lâmpadas.

A Sony também aproveitou papel picado para criar uma biobateria. Ela funciona diferentemente da criada pelos cientistas: é feita de pedaços de papelão ondulado e algumas enzimas. Uma delas serve para quebrar as moléculas do papel, que irá resultar no açúcar. Outro grupo de enzimas irá processar o açúcar até chegar a íons e elétrons de hidrogênio. Apesar de ser inviável comercialmente ainda, a empresa serve pesquisando para aprimorar a tecnologia.

4- Refrigerante

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Foto: divulgação

 
A designer chinesa Daizi Zheng criou um protótipo de celular cuja bateria gera eletricidade a partir de carboidratos de bebidas açucaradas, como refrigerantes. Criado para a empresa de eletroeletrônicos Nokia, qualquer líquido açucarado pode servir como fonte de energia para esse celular. Segundo a criadora do aparelho, o potencial dessa bateria é de três a quatro vezes mais alto do que a carga de uma bateria de lítio convencional.

Um grupo de cientistas liderado por Shelley Minteer chegou a um produto semelhante. A diferença é que as baterias fabricadas por eles se aplicam a outros aparelhos além do celular. A equipe criou a primeira célula de combustível utilizando mitocôndrias, que são alimentadas pela glicose proveniente dos alimentos e está em alta concentração nas bebidas açucaradas.

5 - Asfalto

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Foto: Prescott's photostream

Uma rodovia desenvolvida por engenheiros israelenses é capaz de gerar eletricidade com o movimento dos veículos acima dela. A pista possui cristais piezelétricos embutidos que transformam a energia cinética do movimento dos carros em energia elétrica. O sistema tem a habilidade de gerar eletricidade a partir da variação do peso, do movimento e das vibrações.

Já pesquisadores do Instituto Politécnico Worcester, nos Estados Unidos, conseguiram produzir água quente a partir do calor obtido no asfalto. A água quente gerada pode ser utilizada diretamente em residências e indústrias, ou ser direcionada para um gerador termoelétrico para produzir eletricidade.

6- Voz

Cientistas coreanos descobriram uma maneira de transformar o carbonato de Zinco em um pequeno material que converte as ondas sonoras em eletricidade. O estudo conseguiu criar um painel que carrega telefones móveis por meio das conversas. Para se ter uma ideia, uma conversa no celular gera de 60 a 70 decibéis, resultando em 50 milivolts de correntes elétricas. Mas, para um celular funcionar seria necessário uma média bem maior, o que só instiga os coreanos a continuarem trabalhando para conseguirem aprimorar a tecnologia.

7– Pó de café

Os viciados em café de plantão vão adorar saber que as sobras do líquido podem ajudar a abastecer os automóveis futuramente. Isso porque, mesmo após ser usado, o pó de café possui de 10 a 15% de óleo. De olho nesse número, pesquisadores usaram técnicas padronizadas de química para extrair o óleo do pó e convertê-lo em biodiesel. Os procedimentos não são muito complexos, e os pesquisadores estimaram que o biodiesel poderia ser fabricado a um dólar o galão.

8 - Uísque

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Foto: Sxc.hu
 
O princípio de fabricação de biocombustível a partir do uísque é semelhante ao que acontece com o pó de café: o álcool butanol é originado a partir de dois subprodutos do processo de fabricação da bebida destilada: o "pot ale", líquido remanescente nos alambiques de cobre após a destilação, e o "draff", que são os restos dos grãos, como a cevada.

Segundo os fabricantes, o biobutanol é 30% mais eficiente do que outros biocombustíveis disponíveis no mercado, como o etanol. Além disso, a matéria-prima é abundante. A indústria de uísque de malte produz anualmente 1,6 milhões de litros de "pot ale" e mais 187 mil toneladas de resíduos de cevada, de acordo com os cientistas.

9 - Dejetos

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Foto: divulgação

Aquilo que, mesmo saindo do seu corpo, você não quer ver nem revestido de ouro, pode ser sim uma boa fonte de energia renovável. A tecnologia utilizada de biodigestores (tanques protegidos do contato com o ar atmosférico, onde a matéria orgânica contida nos efluentes é metabolizada por bactérias, gerando biogás e biofertilizante) já data ao menos duas décadas no Brasil e já há diversos projetos ao redor do globo que  utilizam o esgoto para produzir energia.

A novidade, contudo, é que cada vez mais a tecnologia está chegando aos vasos domésticos. Cientistas da Nanyang Technological University (NTU), em Cingapura, inventaram um sistema de vaso sanitário que transforma dejetos humanos em eletricidade e fertilizantes, além de reduzir a quantidade de água necessária para a lavagem em até 90% em relação aos sistemas sanitários atuais.

10 – Algas

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Foto: Pete Baer
 
Tem gente que não suporta se deparar com elas ao tomar um banho de mar, mas as microalgas encontradas no litoral brasileiro têm potencial energético muito superior ao da soja (base do biodiesel brasileiro), chegando a produzir em média 90 mil quilos de óleo por hectare.


Só para se ter ideia, a escala de produtividade da soja está entre 400 a 600 quilos de óleo por hectare – e tem apenas um ciclo anual. Além do fator produção, o biodiesel a partir de microalgas libera menos gás carbônico que os combustíveis fósseis, o que ajuda no combate ao efeito estufa e o superaquecimento.

Como se não bastasse, o biodiesel gerado por microalgas pode ser cultivado em solo pobre e com água ruim (como a salobra do semi-árido). Desse modo, países tropicais como as nações africanas podem virar potenciais produtoras de matrizes energéticas.

(ECOD)

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