Guia do Casamento Sustentável

Para muitos casais apaixonados, maio é o mês mais aguardado do ano e alvo de incansáveis preparativos. Para quem ainda não subiu no altar e pensa em fazer isso em breve, uma boa opção é tornar o casamento mais sustentável possível - desde a escolha do local até as lembrancinhas.

Pensando nisso, o Portal EcoDesenvolvimento.org apresenta uma série de dicas para tornar "o grande dia" um evento mais amigo do meio ambiente. Nessa primeira seleção, encontre dicas para escolher os melhores locais e horários, como montar uma lista de convidados, as opções sustentáveis de convites e as flores que podem tornar o casamento tão bonito quanto ecológico.

Local e horário

Seu namorado finalmente tomou coragem e te pediu em casamento? Então é hora de começar a pensar nos preparativos para o casório. O primeiro passo é escolher a data e local. Para economizar energia elétrica e aproveitar ao máximo a luz natural, prefira por um casamento diurno e em estações menos chuvosas. Assim você gasta menos com decoração, estrutura e pode desfrutar da luz do sol para tornar o momento ainda mais especial.

Locais que fazem a reutilização da água, separação do lixo para reciclagem ou usam fontes renováveis de energia merecem crédito na hora da decisão. Realizar a cerimônia e a recepção no mesmo local, ou próximos um do outro, também é uma boa escolha, já que evita o deslocamento dos convidados e reduz as emissões de CO2.

Se for necessário usar o carro para ir do casamento à festa, estimule os convidados a pegarem carona uns com os outros, utilizando menos automóveis e reduzindo os custos com estacionamento e manobrista.

Convidados

A lista de convidados é outra etapa fundamental durante os preparativos. Na hora de selecionar quem você quer que esteja presente em seu grande dia, lembre-se que o casamento deve ser um momento especial para os noivos – e não para os convidados. Dessa forma, convide apenas quem for realmente importante para vocês e que não pode ficar de fora desse momento.

Um número reduzido de convidados significa menos despesas para o casal, como também menos impactos ao meio ambiente. Essa atitude diminui a quantidade de comida, bebida, lembrancinhas, convites, embalagens, e tudo que envolve o evento. Sem contar que quando se convida muita gente, muitas vezes apenas por educação, a possibilidade dessas pessoas não irem é maior, aumentando o risco de desperdício.

Convite

Agora que vocês já sabem quem estará presente no momento do “sim”, chegou a hora de pensar nos convites. Para os casais mais tradicionais, que fazem questão de enviar o convite pelos correios, o mercado já oferece diversas opções de papeis mais ecológicos, como os reciclados, o papel-semente, ou os pardos.

Se os noivos forem mais modernos, podem optar por convites eletrônicos. Eles são tão bonitos quanto os impressos, mas causam menos impactos ambientais, além de serem mais econômicos. Alguns casais estão até criando sites ou blogs para dar mais informações sobre o evento, como as melhores formas de chegar ao local, lista de presentes e dicas de como ser mais sustentável.

Flores

Um casamento não está completo sem as flores. Seja no bouquet da noiva, na decoração da igreja ou nos arranjos das mesas da recepção, elas estão presentes em todos os momentos do evento. Aposte nas flores locais e naturais da estação do ano.

Flores importadas costumam vir de lugares muito distantes, o que significa grandes gastos com deslocamento e emissão de CO2. Além de poupar o seu dinheiro e o meio ambiente, escolher flores locais é uma forma de estimular os produtores regionais e a economia da região.

Confira algumas flores e as épocas em que são mais cultivadas:

Verão (dezembro a março): Rosas, Flor-de-lis, Gérbera, Amarílis, Bromélia e Bico-de-papagaio.

Outono (março a junho): Gérbera, Hortência, Flor-de-maio, Azaléia, Rabo-de-gato e Margaridinha.

Inverno (junho a setembro): Lupino, Lírio-da-Paz, Orquídea, Flor-de-sino, Begônia, Prímula e Azulzinha.

Primavera (setembro a dezembro): Gérbera, Violeta, Narciso, Petúnia, Bromélia, Lírios, Lisianthus, Boca-de-leão e Crisântemo.

Depois do casamento as flores podem ser doadas para instituições de caridade. A ONG Flor Gentil é um exemplo de como arranjos que iriam para o lixo podem ser transformados em momento de alegria para idosos em abrigos. Já aquelas que não ficaram tão bonitas depois de tanta festa podem ser transformadas em adubo orgânico.

Alianças

Uma dica da organizadora de eventos sustentáveis Ana Paula Caribé é reutilizar jóias antigas da família. Além de ser mais barato, a alternativa reduz os impactos com a extração de minérios e confecção da peça. Para dar uma repaginada na jóia, a sugestão é levá-la a um ourives e pedir para que ela seja transformada em um novo modelo ou para que receba um tratamento especial que a deixe mais bonita.

Outra opção ainda indisponível no Brasil é a jóia certificada. De acordo com Ana Paula, essas peças recebem um selo que garante que foram extraídas, fabricadas e comercializadas de forma sustentável. Quem puder optar, é outra boa escolha.

Lembracinhas

Caixinhas de madeira certificadas com aplicações em cisal, sacolas reutilizáveis feitas de materiais ecológicos e com as carinhas dos noivos, pacotinhos com sementes de flores, chás orgânicos, vasinhos com ervas aromáticas, biscoitos feitos à mão por algum produtor local, pequenos frascos de compota ou mel oriundos de produtores locais e até presentinhos vivos, como mudas de árvores e ervas – o que não faltam no mercado são opções de lembranças sustentáveis.

Para Ana Paula, o mais importante é pensar em lembrancinhas que terão utilidade depois do casamento. “Senão as pessoas jogam aquilo fora logo depois, vira lixo. As caixinhas, por exemplo, são boas opções porque podem servir para guardar outras coisas depois”, diz.

Quem tem a mesma opinião é a organizadora de casamentos Mylla Szaikowski. “Pense em lembrancinhas que sejam realmente utilizadas pelos convidados e que colaborem de alguma forma com o meio ambiente”, afirma. Ela ainda sugere que as lembranças tragam mensagem que expliquem a importância da escolha e, claro, que tenham a ver com os noivos.

Na hora de definir os bem-casados, a escolha dos orgânicos é unanimidade entre os especialistas. Feitos com produtos cultivados sem agrotóxicos e outras substâncias tóxicas que prejudicam a saúde dos consumidores, produtores e do meio ambiente, esses bem-casados já são facilmente encontrado na maioria das capitais. Outra sugestão de Ana Paula são as versões integrais, mais saudáveis que as tradiconais.

Fotografia

De acordo com o gestor executivo do Grupo Vimo de fotografias e casamentos, Fernando Mendonça, os processos de revelação das fotos são necessariamente químicos, o que os torna pouco sustentáveis. Porém, o mercado já oferece alternativas que utilizam tintas menos agressivas e papéis reciclados. Segundo ele, as diferenças visuais entre as revelações tradicional e sustentável existem, mas são poucas.

Apesar de menos impactantes ao planeta, Mendonça afirma que essas alternativas ainda são pouco procuradas, especialmente por causa do preço, que pode ser entre 20% e 30% mais caro. “O cliente não entende por que pagar uma diferença de R$ 0,90 para R$ 1,50 por cada foto. Falta conscientização”, alerta o gestor da empresa que afirma ainda dar a destinação adequada de baterias e outros lixos tóxicos e incentivar os noivos a fazerem os ensaios anteriores ao casamento em ambientes naturais.

Depois que escolher o fotógrafo e o tipo de revelação das fotos, os noivos podem optar por álbuns ecológicos. Feitos geralmente de couro, esses objetos podem ser substituídos por modelos de fibra de banana, bambu, pelicas, papel reciclado, cisal, entre outros.

Lua de mel

Para muitos noivos, essa é a melhor parte do casamento. Para minimizar os impactos do momento, a organizadora Ana Paula sugere os pacotes oferecidos por algumas agências que incluem roteiros alternativos, com hotéis sustentáveis (confira as listas de hotéis ecológicos nas regiões Sudeste, Nordeste e Norte, Centro-Oeste e Sul do país) e passeios em locais naturais, como trilhas e cachoeiras. Algumas empresas já oferecem um serviço de cálculo e compensação do carbono emitido durante o trajeto dos noivos até o local da hospedagem e de volta para casa.

Para quem quer organizar a lua de mel por conta própria a dica é buscar destinos ecológicos, românticos e aconchegantes, que privilegiem a diversão, o bem estar e o meio ambiente, tudo para finalizar da melhor forma possível o longo caminho percorrido pelos noivos até a aguardada noite de núpcias.

Presentes

Após a lua de mel, chega a hora de começar a vida nova – o que muitas vezes significa também casa nova. É tradição enviar aos convidados listas com os presentes sugeridos pelos noivos. Nessa hora, opte por presentes conscientes, como produtos ecológicos, fabricados localmente e por trabalhadores de comunidades carentes ou cooperativas de bairro.

Outra opção para aquelas que já tem a casa montada é pedir aos convidados doações no lugar dos presentes tradicionais. Podem ser envio de alimentos, dinheiro, roupas e brinquedos para uma ONG, uma participação voluntária em organizações já escolhidas ou o plantio de determinadas árvores nativas da região. As doações também podem ser feitas individualmente ou de forma coletiva. Um casal que recentemente abriu mão dos presentes em troca de doações foi o príncipe William e a agora duquesa Catherine Middleton.

Compensação de CO2

Agora que o casamento acabou, vocês podem fazer um balanço de tudo que foi poupado e também emitido em termos de poluição. Muitos sites e organizações, como o www.clickarvore.com.br e o www.eventoneutro.com.br, fazem esse cálculo com base em um questionário sobre todos os quesitos da festa, e indicam quantas árvores precisariam ser plantadas para neutralizar essas emissões.

De acordo com Ana Paula, esse plantio pode ser bem menor do que muita gente pensa. "Para um casamento de proporções normais, acho que uma média de 30 árvores é suficiente”, diz. Mas ela lembra que não basta plantar as mudas e depois esquecer que elas existem. “Tem que cuidar e mantê-las vivas para que crescem e neutralizem de fato as emissões. Se elas morrem não adiantou nada”, lembra.

Custos

Gostou da ideia de um casamento sustentável? Então saiba que ele pode ser muito mais acessível do que você imagina. Segundo Ana Paula, o aumento da demanda tem feito os preços caírem cada vez mais. “Antigamente esses casamentos eram, em média, 15% mais caros que os tradicionais. Mas hoje essa média caiu para 8% a 10%”, diz.

Agora que você já sabe um pouco mais sobre os casamentos sustentáveis, que tal aplicar algumas dessas dicas no seu grande dia? Para quem já se casou, vale a indicação e as sugestões para aquele parente que ficou noivo ou para as amigas que já estão pensando no vestido.

(Ecod)

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