Especialistas criticam plano de evacuação das usinas nucleares brasileiras

Os especialistas em usinas nucleares e professores Luiz Pinguelli Rosa e Aquilino Senra Martinez, da Coppe (Coordenação de Programas de Pós-Graduação de Engenharia) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), foram ao Senado sugerir as autoridades que cobrem da Defesa Civil dados sobre o plano de evacuação das usinas nucleares de Angra dos Reis, no litoral sul fluminense, em caso de acidentes.

"Os planos de emergência internos às usinas são adequados”, mas, segundo Pinguelli, o plano externo é deficiente. “As Forças Armadas saíram do plano porque não tinham equipamentos", argumentou o especialista.

Martinez também fez críticas ao sistema de evacuação. Para ele, a falta de destinação correta de resíduos de baixa e média radioatividade é preocupante, porque estes resíduos têm permanecido nas usinas, o que é um procedimento ilegal (a lei 10.308/2001 é destinada aos assuntos nucleares) segundo o especialista.

"A Cnen [Comissão Nacional de Energia Nuclear] tem condições financeiras e técnicas de executar o que esta Casa mandou? Isso deve ser de imediato, cobrado", alertou o professor.

Lindbergh Farias (PT-RJ) criticou, após a audiência, as autoridades brasileiras por não implementarem uma agência reguladora nuclear para tratar desses assuntos.

Na próxima semana, haverá uma nova audiência pública para discutir a questão, agora com o presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva.

3ª geração

Ainda na audiência desta quinta-feira, 24 de março, os especialistas declararam que o Brasil deve aguardar o desenvolvimento de novas tecnologias na construção das usinas nucleares antes de aumentar o Programa Nuclear Brasileiro. Para Pinguelli, o país pode esperar a conclusão de projetos já em andamento em outros países para incentivar novas usinas brasileiras.

Segundo o professor, a partir de 2020, já será possível instalar centros de produção nuclear de terceira e quarta gerações, que serão mais seguras e econômicas, produzirão menos rejeitos e terão o controle digital.

Em sua conclusão, Pinguelli pontuou que o país domina boa parte das inovações nucleares e vai se aperfeiçoar mais na sua nova parceria com a Argentina, com a construção de um reator multifuncional.

Mas é preciso cobrança, principalmente da estatal Eletronuclear, no que se refere a segurança das usinas já instaladas (Angra I e II), principalmente no que tange ao posicionamento dos geradores de emergência, acionados para fornecer energia enquanto os reatores principais estão resfriando, para evitar o que aconteceu na usina nuclear de Fukushima Daiichi, depois do terremoto e do tsunami do dia 11 de março no Japão, avisou o especialista.

As informações são da Agência Brasil.

Postar um comentário

0 Comentários