Não é apenas a neve que cai que forma o manto de gelo na Antártida. Pesquisadores descobriram que a grande massa de gelo também aumenta de baixo para cima. Isto porque o gelo derrete na parte inferior do manto, e a água faz com que fatias de gelo se movimentem para baixo. Só que a água pode voltar a congelar na parte inferior destas fatias e empurrá-las para cima.
Pesquisadores relatam na edição desta semana do periódico científico Science que a base da camada de gelo no leste da Antártida é formada por cerca de 24% de água recongelada. “As fatias de gelo não são estruturas simples como camadas de bolo. A água se move debaixo do manto de gelo e o deforma”, explicou Robin Bell, do Observatório Lamont-Doherty, na Universidade de Columbia.
Fausto Ferraccioli, pesquisador do British Antarctic Survey e co-autor do estudo, afirmou que o conhecimento de como o gelo se forma é preponderante na coleta de amostras e também para o entendimento sobre como o gelo se move.
Ted Scambos, glaciólogo da Universidade de Colorado, Boulder, definiu o estudo como “totalmente novo, pelo menos nesta escala”.
Até agora, depósitos de água recongelada era só haviam sido vistos em onde há lagos sob o gelo, disse a pesquisadora Sasha Carter, do Instituto Scripps de Oceanografia, em San Diego. “Agora parece que eles estão presentes no interior da Antártida Oriental”, disse Carter, que não faz parte da equipe de pesquisadores.
Os pesquisadores descobriram o gelo recongelado durante trabalho de campo em 2008 e 2009, usando radares. No começo “achamos que se pareciam como colméias e ficamos preocupados que fosse um erro na pesquisa”, disse Bell. Mas a partir do momento que eles começaram a encontrar ainda mais gelo recongelado ficou claro que a estrutura era comum no manto.
Entender como o gelo se move é essencial para encontrar respostas para as mudanças climáticas, dizem os pesquisadores. A temperatura do planeta tem se elevado no último século e os impactos são notados primeiro vez nos pólos. Os testemunhos, longos cilindros de gelo retirado das geleiras, são frequentemente usados para estudar o clima do passado.
Bell sugere que o processo de recongelamento “pode empurrar o gelo antigo para perto da superfície e torná-lo mais fácil de ser encontrado”. No entanto, Jeff Severinghaus, geólogo da Instituto Scripps que não participou do estudo, disse que a descoberta poderia significar que o gelo mais velho é melhor preservado ou ainda que a descoberta torna mais difícil interpretar o registro do clima, “caso [o gelo] seja algo que possa ser embaralhado feito cartas”.
(Fonte: Portal iG)
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