Descoberta vai ajudar a entender melhor a reprodução da espécie. Os pterossauros dominaram os céus no Período Jurássico, aquele popularizado pelo filme de Steven Spielberg.
Geralmente representado como um enorme lagarto alado com uma crista na cabeça, que chegava a ser cinco vezes maior que o crânio, o animal intrigava os paleontólogos por um motivo curioso: nunca havia sido encontrado um fóssil identificado como do sexo feminino. Até que apareceu a "Senhora T", encontrada na China e descrita ma quitna-feira em um artigo publicado na revista especializada Science.
De acordo com o paleontobiólogo David Unwin, do Departamento de Estudos Museológicos da Universidade de Leicester, o gênero é um dos atributos biológicos mais importantes no estudo de um animal.
"Mas é extremamente difícil descobrir o sexo em um fóssil. Saber qual é o gênero de um pterossauro é um importante passo adiante. Agora, por exemplo, temos uma boa explicação para a crista do animal, um problema que intriga os cientistas há mais de 100 anos", disse, em entrevista à publicação científica.
A Senhora T foi identificada como senhora, e não senhor, porque, ao seu lado, estava um ovo fertilizado. "O fato de ter sido preservada junto ao ovo indica que era uma fêmea. Esse tipo de descoberta, no qual o gênero pode ser determinado com certeza, é extremamente raro, e o primeiro no caso de pterossauros", explicou Unwin, que faz parte da equipe que assina o artigo. "Agora, podemos expandir nossos conhecimentos e pesquisar aspectos complemente novos, como a estrutura e o comportamento dessa população", comemorou.
Ao estudar o fóssil, os cientistas descobriram que o exemplar, encontrado em pedras com cerca de 160 milhões de anos, não tinha crista. De acordo com Unwin, há algum tempo os cientistas suspeitavam que a crista era usada para exibição ou como forma de sinalizar alguma coisa errada, indicando que apenas os exemplares machos deveriam possuir a estrutura.
"Mas, na falta de uma prova direta sobre essa ideia, muito se especulou, e alguns cientistas acreditavam que animais sem crista pertenciam a uma outra espécie", disse o paleontobiólogo.
Além de fornecer provas sobre o gênero do animal, a Senhora T vai ajudar a entender melhor a reprodução dos pterossauros. O ovo encontrado com ela é relativamente pequeno e tem uma casca fina, característica típica de répteis, mas completamente diferente da dos pássaros. "Ovos pequenos requeriam menos investimento em termos de material e energia - uma vantagem evolutiva para esses enérgicos voadores e talvez um importante fator na evolução de espécies gigantes", aposta Unwin.
(Paloma Olivetto - Correio Braziliense)
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