Andrei Geim e Konstantin Novoselov, descobridores em 2004 do mais fino e resistente material conhecido, levam o prêmio de Física
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Geim (à esq.), o grafeno e Novoselov: novo material pode ser o substituto do silício nos computadores do futuro
A maior láurea científica veio rápido. Em menos de seis anos, os pesquisadores russos de nascimento Andrei Geim e Konstantin Novoselov, da Universidade de Manchester, Inglaterra, descobriram um material potencialmente revolucionário, com propriedades que emanam do estranho e fascinante mundo da física quântica, e ganharam um Nobel.
Em 22 de outubro de 2004, num artigo científico publicado na revista Science, a dupla apresentou ao mundo o grafeno, um ínfimo filme formado exclusivamente de átomos de carbono arranjados num formato hexagonal que exibe propriedades espetaculares: quase totalmente transparente, é o mais fino e também o mais resistente dos materiais conhecidos; é o melhor condutor de calor de que se tem notícia e tão bom condutor de eletricidade quanto o cobre. Hoje, 5 de outubro de 2010, a Real Academia de Ciências da Suécia deu o Nobel a Geim, 51 anos, e Novoselov, 36, por seus trabalhos com o grafeno. “O carbono, a base de toda a vida conhecida na Terra, nos surpreendeu novamente”, disse a academia, num comunicado de imprensa.
Além de conferir enorme prestígio acadêmico, o Nobel fará os dois dividirem em partes iguais um prêmio em dinheiro de US$ 1,5 milhão. Nada disso, por ora, parece ter mudado o espírito da dupla, conhecida no meio acadêmico por seu bom humor. Em 2000, Geim ganhou (ao lado de Michael Berry) um IgNobel por um trabalho sobre sapos que levitam e o prêmio, uma sátira ao Nobel, consta da lista de feitos elencados em seus currículo. “Meu plano para hoje é ir ao trabalho e terminar um artigo científico que não terminei nesta semana”, disse Geim, que se naturalizou holandês. "Apenas tentarei levar as coisas como antes.” Desde 1973, não havia um Nobel de Física tão novo quanto Novoselov, que é cidadão russo e britânico.
Geim e Novoselov extraíram o grafeno do grafite, o conhecido material feito de carbono que recheia os lápis. Por suas propriedades extraordinárias, o grafeno, cujo filme tem a espessura de um único átomo de carbono, é apontado como o substituto do silício nos nanotransistores do futuro, com potencial para ser o coração de uma nova geração de computadores. Também pode ser útil para produzir telas transparentes sensíveis ao toque, painéis luminosos e talvez celulas solares. Misturado a plásticos, pode se tornar a base de materiais leves e resistentes que podem encontrar usos em indústrias como a automobilística e a aeronáutica.
(Fasesp)
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