Pesquisa britânica mostrou que primatas e baleias tiveram o maior aumento cerebral. Por que diabos uns poucos mamíferos "privilegiados" -baleias, elefantes e macacos, entre os quais o homem- ganharam um cérebro avantajado de presente da evolução? A vida social é a resposta, diz novo estudo.
Susanne Shultz e Robin Dunbar, ambos da Universidade de Oxford (Reino Unido), publicam os resultados na edição desta semana da revista científica "PNAS". A intenção da dupla era tentar dar um basta na antiga bagunça envolvendo a evolução do tamanho do cérebro.
Diferentemente do que muita gente imagina, o ser humano está longe de ser o bicho mais bem dotado de miolos. Em termos absolutos, o cérebro das baleias e golfinhos é bem maior.
Se o tamanho proporcional da massa encefálica é levado em conta, a coisa fica ainda mais estranha: os diminutos musaranhos-arborícolas, parecidos com pequenos roedores, ganham a parada. Para os cientistas, isso mostra que nenhuma dessas medidas captura direito a importância da dimensão cerebral na evolução.
Por isso, Shultz e Dunbar resolveram medir, grosso modo, o tamanho relativo do cérebro ao longo do tempo nas várias linhagens de mamíferos. Eles usaram uma amostra de 511 espécies, extintas e modernas, para as quais havia estimativa disponível do volume cerebral.
O que eles viram é que, dentro de cada grupo de mamíferos, havia tendências diferentes para o aumento (ou não) do cérebro ao longo de milhões de anos.
Pela ordem, os que passaram por aumento proporcional mais claro do cérebro eram os primatas (grupo do homem), os cetáceos (baleias, golfinhos e companhia) e os perissodáctilos (cavalos, antas e rinocerontes).
Há, além disso, uma correlação forte entre os aumentos de cérebro e a vida social em grupos estáveis -bichos mais solitários tendiam a permanecer mais burros, digamos. A ideia é que a necessidade de entender e/ ou ludibriar os companheiros favorece um cérebro maior.
(Reinaldo José Lopes - Folha de SP)
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