Cientistas criam ferramentas biológicas para ampliar fluorescência. Imaginem só andar por um parque à noite e ter seu caminho iluminado por fileiras e mais fileiras de árvores que brilham. Se o trabalho de pesquisadores da Universidade de Cambridge evoluir, árvores bioluminescentes podem vir a dar às ruas este cenário de sonhos.
E eles já deram o primeiro passo desenvolvendo ferramentas genéticas que permitem transferir facilmente para um organismo os traços que conferem bioluminescência.
A natureza está cheia de organismos que brilham no escuro, mas sua luz é muito fraca para permitir a leitura, por exemplo. Para reforçar esta luz, a equipe de jovens pesquisadores, que participou de uma competição internacional do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), modificou o material genético de vaga-lumes e da bactéria marinha Vibrio fischeri para aumentar a produção e atividade das enzimas responsáveis pelo seu brilho.
Eles criaram ainda componentes genéticos, ou "tijolos biológicos", que podem ser inseridos no genoma de outros organismos. Os estudantes foram capazes de produzir várias gamas de cores ao introduzirem estes genes em bactérias Escherichia coli e descobriram que uma cultura do tamanho de uma garrafa de vinho produz luz suficiente para a leitura.
- Acabamos não produzindo as árvores bioluminescentes, que eram a inspiração do projeto - diz Theo Sanderson, integrante da equipe. - Mas decidimos montar peças que permitirão que futuros pesquisadores usem a bioluminescência de forma bem mais eficiente.
As plantas bioluminescentes também podem ter um apelo especial para as pessoas cujas casas não estão conectadas às redes de eletricidade. Estas luzes vivas não quebram e novas "lâmpadas" podem ser produzidas apenas cultivando mais plantas.
A equipe calcula que, para competir com um poste comum, uma árvore bioluminescente teria que desviar para a iluminação apenas 0,02% da energia obtida pela fotossíntese.
Mas poderemos ver em breve árvores que brilham iluminando nossas ruas? Não tão cedo, admite Alexandra Daisy Ginsberg, designer e artista que assessorou a equipe:
- Já temos as lâmpadas. Não vamos gastar dinheiro produzindo um substituto para algo que já funciona muito bem - diz ela, que por outro lado vê na "bioluz" um atrativo especial. - Há algo de muito visceral numa luz viva. Se você tem que alimentar e cuidar dela, ela se torna mais preciosa. Mas um organismo vivo pode produzir luz sem ser bioluminescente? Sim, desde que esteja cheio de nanopartículas de ouro.
Uma equipe liderada por Yen Hsun Su, do Centro de Pesquisas Científicas Aplicadas de Taipei, Taiwan, mergulhou um espécime de Bacopa caroliniana, uma planta comumente usada em aquários, em uma solução de nanopartículas de ouro. Quando ela foi exposta à luz ultravioleta, os elétrons do ouro foram energizados, fazendo com que emitissem uma luz azul.
(O Globo)
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