Queima de canaviais causa problemas oculares

Estudo foi feito no laboratório de oftalmologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP)

Olhos irritados e sem lubrificação. É no mês de maio que começa a queima das plantações de cana-de-açúcar no interior paulista. Os produtores do estado, responsáveis por 70% do cultivo do País, utilizam o procedimento para facilitar o corte da cana, o que causa sérios problemas de saúde não só para os trabalhadores como também para a população da região próxima aos canaviais.

O estudo da pesquisadora Monique Matsuda, do laboratório de oftalmologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), mostra que a queimada emite material que interfere no filme lacrimal e no tecido epitelial que recobre a superfície ocular. A fumaça atinge as células produtoras do muco responsável pela limpeza e lubrificação dos olhos. "Essas alterações podem influenciar na oxigenação e absorção de nutrientes", explica Monique.

A pesquisa avaliou 22 cortadores de cana e 19 moradores da cidade de Tatuí (SP). Foram preenchidos questionários de sintomas e exames clínicos que verificaram alterações em pálpebras, conjuntivas e córneas. Monique explica que as partículas produzidas pelas queimadas são capazes de circular por semanas na região. E o intenso tráfego de tratores no local contribui para prejudica ainda mais o ar em contato com as pessoas.

De acordo com a pesquisadora, há depoimentos ainda de trabalhadores que procuram atendimento médico devido a problemas respiratórios causados pela fumaça. No caso dos olhos, Monique diz que até novembro, quando há redução na produção de cana, quem tem doença ocular prévia pode apresentar mais sintomas porque a superfície ocular fica menos protegida.

Nos próximos meses, a especialista pretende avançar as pesquisas e estudar os mecanismos moleculares causadores das alterações para propor medidas de prevenção e proteção das emissões.

(Daniela Cardoso, Assessoria de Comunicação do MCT)

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