Já existem câmeras biomiméticas e até um olho artificial inspirado nos olhos dos insetos.
A lente é formada por vários pequenos domos dispostos de maneira a formar um domo único maior. [Imagem: Ohio State University]
Grande angular com profundidade
Mas a coisa parece ficar mais natural quando se mesclam os olhos humanos com os olhos dos insetos.
Kang Wei e Yi Zhao, da Universidade do Estado de Ohio, nos Estados Unidos, fizeram justamente isso, procurando aproveitar o melhor de cada uma das soluções adotadas pela natureza.
A lente que eles criaram combina a capacidade de focalização do olho humano, com seu largo campo de visão, com a capacidade dos olhos dos insetos para capturar imagens com profundidade.
Se levada para fabricação industrial, a técnica poderá significar câmeras de celulares com a mesma resolução de versões profissionais, ou sistemas de imageamento médico que permitem que os médicos vejam o interior do corpo humano com uma qualidade hoje só vista em animações de realidade virtual.
"O que temos é uma lente grande angular com profundidade de campo," resume Yi Zhao. "O olho humano pode mudar o foco. O olho de um inseto é feito de inúmeros pequenos componentes ópticos que não podem mudar o foco, mas dão uma visão ampla. Nós combinamos os dois."
Lente com músculo artificial
A lente híbrida é feita de um polímero flexível e transparente preenchido com um fluido gelatinoso similar ao fluido existente no interior do olho humano.
Em lugar de uma estrutura única, a lente é formada por vários pequenos domos preenchidos com gel, todos dispostos de maneira a formar um domo único maior.
Cada domo é ajustável, de modo que, conforme o fluido é bombeado para dentro e para fora da lente, diferentes partes podem se expandir e contrair para alterar a forma geral da lente e, assim, a direção do campo de visão e o foco.
O sistema de bombeamento seletivo não é muito diferente da forma como os músculos humanos operam para mudar o foco de nossos olhos, mas é totalmente diferente do modo de operação das câmeras e microscópios atuais, que movimentam diferentes lentes ao longo do campo de visão.
Além do amplo campo de visão com foco, isto significa que uma única lente poderia substituir os sistemas de várias lentes usadas hoje.
"Acreditamos que é possível construir um microscópio confocal sem partes móveis," avalia Zhao.
O aparelho é uma prova de conceito interessante, embora o protótipo não seja prático para a maioria das aplicações.
Para resolver isso, a dupla está tentando substituir o líquido e as bombas por uma espécie de músculo artificial, polímeros eletroativos que mudam de formato sob ação de uma corrente elétrica, criando uma lente "seca" e sem bombas.
( Inovação Tecnológica)