A estrutura da mão dos ancestrais humanos remotos, que viveram há 3,2 milhões de anos, sugere que eles tinham a capacidade de segurar e usar ferramentas, embora ainda não as tivessem inventado.
Até agora não se acreditava que o Australopithecus africanus, que viveu há dois ou três milhões de anos no que agora é a África do Sul, seria capaz de construir ferramentas – a primeira evidência delas data de 2,6 milhões de anos atrás -, mas suas mãos sugerem o contrário, segundo um estudo publicado na revista especializada “Science”.
O Australopithecus africanus, uma criatura com aspecto simiesco e braços longos, com cérebro grande e que caminhava sobre duas patas, parece ter descido das árvores, adquirido destreza nas mãos e sido capaz de realizar movimentos motores finos.
Estudo da estrutura esponjosa do osso – As novas descobertas se baseiam em um novo estudo da estrutura esponjosa do osso, denominado trabecular, que pode revelar como os ossos eram usados enquanto o indivíduo estava vivo.
Por exemplo, os ossos trabeculares são muito diferentes nos humanos e nos chimpanzés, que não conseguem imitar a forma como a mão humana agarra algo com força, usando os polegares e os outros dedos.
No entanto, os fósseis de neandertais apresentam semelhanças maiores com as mãos dos humanos modernos neste sentido. Os neandertais tinham a capacidade de usar ferramentas e fazer pinturas rupestres.
Os Australopithecus também “tinham um padrão de osso trabecular tipo humano no polegar e na palma (os metacarpianos) consistente com a oposição do polegar e dos dedos, tipicamente adotado quando se manipula ferramentas”, revelou a Universidade de Kent em um comunicado.
“Estes resultados apoiam a evidência arqueológica previamente publicada sobre o uso de ferramentas de pedra nos Australopithecus e aporta provas esqueléticas que revelam que nossos ancestrais remotos tinham gestos parecidos aos dos humanos desde muito antes e mais frequentemente do que tinha sido considerado antes” prosseguiu.
O estudo incluiu cientistas da University College de Londres, do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva de Leipzig, Alemanha e da Universidade de Tecnologia de Viena, na Áustria.
(Fonte: G1)