Um novo modelo científico demonstra o processo de separação de Austrália, Índia e Antártica do antigo continente Gondwana, que começou a se dividir há 165 milhões de anos.
Gondwana, um dos dois supercontinentes que junto ao de Laurásia agrupou toda a massa terrestre há cerca de 200 milhões de anos, se dividiu em novos blocos: Gondwana Leste (a atual Antártica, Índia, Madagascar e Austrália) e Gondwana Oeste (América do Sul e África).
Uma nova subdivisão deu lugar aos blocos que formam as atuais Índia e Madagascar e outro que corresponde à Austrália e à Antártica. Segundo o pesquisador da Universidade Nacional Australiana, Gordon Lister, os modelos científicos anteriores que tentaram explicar os deslocamentos de Austrália, Índia e Antártica de Gondwana omitiram informação-chave e portanto são “inconsistentes”.
Os últimos estudos obtêm provas do basalto fundido que emerge de cordilheiras vulcânicas nos oceanos, onde se conservam, uma vez solidificado, dados das mudanças na polaridade do campo magnético da terra de até mais de 100 milhões de anos. “Até agora se tinha focalizado a atenção em informação que se pode obter fora dos oceanos”, disse Lister à emissora “ABC”.
A equipe de cientistas utilizou um programa de informática para buscar as coincidências entre as características geológicas ao longo dos contornos das placas de Austrália, Antártica e Índia e retroceder virtualmente no tempo para construir o quebra-cabeças de Gondwana.
No novo modelo se recria um movimento rotatório de Gondwana no sentido das agulhas do relógio e dá um ponto de partida diferente para Índia e Austrália após se separar da Antártica. “Pode parecer relativamente trivial tentar determinar o ponto de partida real, mas isto representa uma grande diferença para poder determinar onde terminarão (estes territórios)”, explicou Lister.
A pesquisa descobriu que muitas das características geológicas ao longo dos contornos das placas entre Austrália e Antártica não se alinhavam adequadamente e que estas tinham se formado depois que os continentes se separaram.
“Quando se formam as cadeias montanhosas, frequentemente estas têm muitas falhas. Esta geometria é como uma arquitetura e esta arquitetura pode fazer coincidir a informação de Antártica e Austrália”, comentou.
Segundo este novo modelo, a costa noroeste da Austrália se chocará com a ilha indonésia de Java em cerca de 20 milhões de anos enquanto o país “avança rumo a Pequim”. O estudo também contribui para explicar como as placas tectônicas movimentam os continentes, causam terremotos e tsunamis e dá informação sobre os locais onde se podem encontrar minerais.
(Fonte: G1)