São Paulo tem 400 espécies de aves

O paulistano que passeia pelo parque Ibirapuera no inverno pode observar… o verão. Ou, se preferir,Pyrocephalus rubinus.

Entre abril e setembro, esse passarinho bate asas para longe do frio do sul, passa por São Paulo e ruma até o Nordeste – daí o nome solar.
Verão é uma das 400 espécies de aves encontradas na cidade, segundo a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente. O número parece alto para quem está acostumado a ver só pombos – que são considerados pragas urbanas.
Mas basta treinar o olhar e “se sensibilizar para essa maravilha”, diz o engenheiro industrial Johan Dalgas Frisch, 83, que se dedica à observação e aves no Brasil desde os 7 anos.
O céu, contudo, não é exatamente o mesmo desde a meninice de Johan.
Os papagaios-verdadeiros (nativos do Norte e do Nordeste e famosos por imitar vozes e músicas) se multiplicaram nos anos 1990, abandonados por traficantes e antigos donos.
Comum no interior, o tucano-toco (do bicão amarelo, uma estrutura óssea esponjosa que supera 20 cm) também nos visita mais. Mas rarearam os pios de perdizes e jacutingas.
Cerca de 30 espécies – como o bem-te-vi e o sabiá-laranjeira – são figurinha fácil em toda a capital, aponta o ornitólogo Fábio Luís Silveira, do Museu de Zoologia da USP.
A maior variedade está em grandes áreas verdes, como o Ibirapuera e a serra da Cantareira. Os parques Villa-Lobos (zona oeste) e do Carmo (zona leste) também têm tipos diversos.
No parque linear Castelo, às margens da represa Guarapiranga, há um mirante ideal para ver aves aquáticas (como o frango-d’água, conhecido entre observadores por emitir sons bem agudos, de “kurrrk” a “kiki”).
Eles, passarinho – “O observador era o cara solitário com um binóculo e um guia de bolso. Agora ele é o cara com câmera digital, que compartilha”, afirma o produtor cultural Guto Carvalho, 51.
Desde 2006, Guto organiza a feira anual Avistar Brasil –a deste ano, em maio, juntou 1.200 pessoas em três dias no parque Villa-Lobos.
Para o ornitólogo Silveira, quanto mais gente, melhor: “Os observadores leigos dão uma contribuição importante para a ciência”.
Boa parte dos dados recolhidos está no WikiAves, atualmente com 1.772 espécies catalogadas. Lorena Patrício Silva, 11, é fã de aves de rapina e “contribuidora sênior” do site feito por colaboradores.
Uma das caçulas da Avistar, a estudante do primeiro grau gosta de “colecionar” novas descobertas.
A última foi no parque Villa-Lobos: um pitiguari, passarinho com cabeça e bico grandes demais para cerca de 16,5 cm de tamanho.
A melhor época para flagrar novidades é no início da primavera, quando os animais estão à caça de parceiros para a reprodução.
No período, a prefeitura oferece cursos gratuitos para aprender a reconhecer espécies e os “points” delas na cidade.
Neste ano serão dois: para iniciantes, em outubro, e um avançado, em setembro, com 50 vagas cada.
 (Fonte: Folha.com)

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