Um novo estudo conseguiu identificar mais um dos vários mecanismos ligados ao câncer de mama.
Nas mulheres, um subtipo de células do tecido mamário tem as extremidades dos cromossomos --os telômeros--mais curtas do que o normal, sendo assim mais propenso a mutações e ao câncer.
Um artigo da edição de estreia do periódico "StemCellReports" mostrou que, na hora da divisão celular, essa alteração estrutural favorece a ocorrência de "erros" que poderiam culminar em um câncer.
Um dos diferenciais do estudo é o uso de amostras de tecido doadas por 37 mulheres sem a doença e que diminuíram os seios por questões estéticas.
O mastologista do Hospital 9 de Julho Fábio Laginha ressalta a importância de estudar as células saudáveis e afirma que o achado pode ser um ponto importante para a prevenção.
Estudos já indicaram a relação dos telômeros com o surgimento dos tumores, mas esses mecanismos não haviam sido desvendados com o detalhamento da nova pesquisa.
Para os cientistas, o trabalho pode abrir caminho para novas formas de diagnóstico, especialmente se esse tipo de alteração for confirmado em outros cânceres.
"O câncer é formado por um conjunto de alterações, e esse é um dos vários mecanismos. Não se pode dizer se é o principal", diz Ricardo Caponero, presidente do Conselho Técnico Científico da Femama (Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama).
"O trabalho se restringe ao tumor ductal [no canal que leva o leite ao mamilo]. São necessários mais estudos para ver se isso se repete em outros tipos de câncer", afirma.
(Giuliana Miranda / Folha de S.Paulo)
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