A ideia de uma invisibilidade espaço-temporal, capaz de esconder eventos, só foi anunciada em 2010. Um ano depois, Moti Fridman, com uma equipe da Universidade de Cornell, finalmente escondeu eventos, fazendo um "buraco no tempo".
O sinal é modificado para ter intensidade zero quando o dado está sendo transmitido, escondendo a informação. O camuflador então converte o pulso de volta para um sinal básico - uma portadora - escondendo o fato de que uma informação está sendo transmitida.[Imagem: Joseph Lukens/Purdue University]
Mas era ainda um buraco bem pequeno, capaz de camuflar eventos que durassem até 110 bilionésimos de segundo.
Agora, Joseph Lukens e seus colegas da Universidade Purdue, nos Estados Unidos, criaram um manto da invisibilidade temporal capaz de esconder eventos em 46% do tempo, aproximando a técnica da utilização prática.
"Será necessário algum trabalho antes que essa abordagem tenha uma aplicação prática, mas ela usa uma tecnologia que se integra perfeitamente com a infraestrutura atual de telecomunicações," disse Lukens.
Enquanto o experimento realizado em 2011 usa um caro e complexo laser de femtossegundos, Lukens e seus colegas usaram equipamentos comuns, que podem ser comprados no comércio.
O grande potencial de fazer os dados "sumirem" está na segurança das telecomunicações, uma vez que os dados estarão trafegando sem que um observador possa perceber.
Camuflagem do tempo
A técnica funciona através da manipulação da fase dos pulsos de luz.
A propagação da luz pode ser comparada às ondas no oceano. Se uma onda está subindo e interage com outra onda que está indo para baixo, elas se anulam mutuamente - a luz terá "intensidade zero", ou seja, será uma espécie de "pulso escuro".
São os dados nas regiões onde o sinal é zero que podem ser escondidas pelo manto da invisibilidade temporal.
Os pesquisadores usaram um modulador de fase - um equipamento tradicionalmente usado em telecomunicações ópticas - para, primeiro, criar os "buracos negros" no feixe de luz e, segundo, criar dois outros pulsos de intensidade zero para cobrir o buraco que transporta a informação.
"É um nível potencialmente maior de segurança, pois nem sequer parece que você está se comunicando," disse Lukens. "Os bisbilhoteiros não vão perceber que o sinal está camuflado porque parece que não há nenhum sinal sendo enviado."
O índice de camuflagem obtido, de 46%, significa que é possível esconder 1,5 gigabyte por segundo.
Se uma onda está subindo e interage com outra onda que está indo para baixo, elas se anulam mutuamente - a luz terá "intensidade zero", ou seja, será uma espécie de "pulso escuro". [Imagem: Joseph Lukens et al./Nature]
Privacidade perdida
Talvez não dê para evitar os olhos bisbilhoteiros do Grande Irmão que virou o Tio Sam, mas poderá atrapalhar: as últimas informações reveladas pelo escândalo da quebra de privacidade dão conta de que as autoridades dos Estados Unidos não estão realmente acessando os servidores das empresas de internet e telecomunicações, mas pegando os sinais diretamente nas fibras ópticas.
Segundo os pesquisadores, a técnica poderá ser melhorada em termos da sua largura de banda operacional e do percentual de camuflagem, que poderá ser maior do que os 46% alcançados agora.
Apesar de ser fruto direto das pesquisas com metamateriais, o manto da invisibilidade temporal não usa metamateriais, tendo conseguido executar todos os passos usando apenas moduladores de fase e fibras ópticas.
O efeito é chamado temporal porque esconde os dados sendo transmitidos ao longo do tempo, em oposição aos mantos da invisibilidade tradicionais, que são "espaciais", escondendo objetos físicos postos em um determinado local.
O próximo grande desafio da área, que vem se desenvolvendo com uma velocidade impressionante, será a integração de um manto da invisibilidade temporal com um manto da invisibilidade espacial, literalmente varrendo um evento da história, já que ele não poderá ser visto e nem recuperado.
(Redação do Site Inovação Tecnológica )
0 Comentários
Olá, agradecemos sua visita. Abraço.