Neurocientista brasileiro diz já ter iniciado testes para fazer paraplégico andar com força da mente

Reportagem de O Globo mostra que Miguel Nicolelis mantém firme a aposta de que conseguirá fazer cadeirante dar o pontapé inicial da Copa do Mundo.


"O mais absurdo, quase surreal na história brasileira, é que o Santos Dumont fez algo muito raro: ele falou e cumpriu". Assim, o neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis introduziu, nesta terça-feira, no Rio, a apresentação de um de seus projetos mais ambiciosos: o de fazer um paraplégico dar o pontapé inicial na Copa do Mundo de 2014 com o poder da mente e de um exoesqueleto.

- Se tudo der certo, evidentemente existem vários desafios até lá, na cerimônia de abertura (no dia 12 de junho do próximo ano) um brasileiro ou brasileira, jovem adulto, de até 1,70m de altura e até 70kg vai levantar de uma cadeira de rodas, realizar 25 passos, da linha lateral até o centro do gramado, e abrir a Copa do Mundo com o chute da ciência brasileira para toda a humanidade - disse, com choro, Nicolelis.

- Esta é a forma como encontramos de comunicar para o mundo e, mais precisamente, comunicar para o mundo daqui do Brasil, que existe uma nova neurociência, que vai transformar a vida de milhões de pessoas que quando sofreram lesões medulares pensaram que a vida tinha acabado - completou.

As pesquisas vêm sendo desenvolvidas há mais de dez anos na Universidade de Duke, nos Estados Unidos, e mais recentemente, no Instituto Internacional de Neurociência de Natal, no Rio Grande do Norte. Elas contam com financiamento brasileiro de R$ 33 milhões, por meio da agência Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).

O programa está em fase de testes há seis meses, disse o pesquisador, que apesar de questionado, não detalhou em que fase está o cronograma. Ele disse apenas que até o início de julho deverá começar testes com humanos.

- Muitas pessoas acham que isto é impossível, mas gostaria de dizer a vocês que as primeiras simulações já foram feitas e, para minha satisfação, ela funcionou como planejado.

A chamada interface cérebro-máquina tem o objetivo de fazer mover membros virtuais (externos ao corpo) com a força a mente. Numa pele artificial, haverá placas de circuitos integrados flexíveis que vão revestir um exoesqueleto e dar um feedback tátil ao usuário que vestirá o equipamento. Isto, segundo Nicolelis, permitirá que o indivíduo tenha sensações do corpo antes impossíveis, pelo controle do próprio cérebro.

(Flávia Milhorance / O Globo)

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