Os primeiros humanos que viveram na África do Sul deram saltos culturais e industriais em períodos de clima mais úmido, revelou um estudo que comparou os registros arqueológicos da evolução do homem com as mudanças climáticas. A pesquisa foi divulgada na revista “Nature Communications”.
Os humanos modernos ou Homo sapiens apareceram pela primeira vez na África durante a Média Idade da Pedra, que durou de 280 mil a 30 mil anos atrás. Alguns dos exemplos mais remotos da cultura e da tecnologia humana foram encontrados na África do Sul, com evidências fósseis com picos inovadores cuja causa deixou os cientistas intrigados.
O registro revela que um período notável de avanço humano ocorreu cerca de 71.500 anos atrás e outro, entre 64 mil e 59 mil anos atrás. Exemplos desta inovação incluem o uso de símbolos, vinculados ao desenvolvimento da linguagem complexa, em gravuras, a manufatura e o uso de ferramentas de pedra e adornos pessoais como joias feitas de conchas.
“Nós mostramos pela primeira vez que o ritmo destes períodos de inovação coincidiu com mudanças climáticas abruptas”, disse coautor do estudo, Martin Ziegler, da Escola de Ciências da Terra e dos Oceanos da Universidade Cardiff, em seu artigo.
“Nós descobrimos que a África do Sul registrou condições mais úmidas durante estes períodos de avanço cultural”, acrescentou. “Ao mesmo tempo, grandes áreas da África Subsaariana experimentaram condições mais secas, sendo assim a África do Sul atuou potencialmente como um refúgio para os primeiros humanos”, emendou.
Clima da África do Sul reconstruído – Ziegler e sua equipe reconstituíram o clima sul-africano dos últimos 100 mil anos usando amostras sedimentares extraídas da costa leste do país. As amostras mostram mudanças na descarga dos rios e no padrão de chuvas.
“Oferecem pela primeira vez a possibilidade de comparar o registro arqueológico com o registro das mudanças climáticas no mesmo período, e portanto, nos ajuda a compreender as origens dos humanos modernos”, escreveu Ziegler por e-mail.
Também coautor do estudo, Chris Stringer, do Museu de História Natural de Londres, afirmou que as descobertas apoiaram a visão de que o crescimento populacional incentivou o avanço cultural através das crescentes interações humanas.
“Estas pulsações influenciadas pelo clima no sul da África e além, provavelmente, foram fundamentais para a origem dos elementos-chave do comportamento do humano moderno na África e para a subsequente dispersão do Homo sapiens a partir de sua terra ancestral, concluiu o estudo.
(Fonte: G1)
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