Os encontros cada vez mais comuns entre seres humanos e jubartes no litoral brasileiro são uma boa notícia, mas causam também uma preocupação: os impactos na vida das baleias.
O incremento de atividades humanas no mar aumenta os riscos sobre as baleias. Foto: Instituto Baleia Jubarte.
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“Hoje em dia a população de baleias jubarte está se recuperando e as atividades antrópicas também estão aumentando. A gente tem encontrado diversas situações como atropelamentos, interrupção dos processos reprodutivos e de criação dos filhotes”, afirma a presidente do Instituto Baleia Jubarte, Márcia Engel.
Ao longo de 1324 quilômetros de litoral, foram identificadas duas grandes regiões de concentração da baleia, uma delas no Parque Nacional Marinho de Abrolhos e imediações, onde se tenta há alguns anos aumentar a extensão de áreas protegidas, e outra ao Sul, há no litoral do Espírito Santo. Foram identificadas também locais afetados por atividades nocivas às baleias: tráfego de grandes navios, rotas de cabotagem, presença de portos próximos e interesse da indústria do petróleo.
Além da necessidade de proteger uma área no litoral capixaba, ao Sul de Abrolhos, o instituto propõe medidas para disciplinar as atividades humanas na região, de modo que reduzam os riscos e os impactos sobre as baleias. “Unidades de Conservação são importantes, mas com o estudo é possível propor ações como mudanças de rotas das barcaças de carga”, defende Márcia Engel.
Na costa brasileira, a população de jubartes é estimada entre 11 mil e 14 mil indivíduos. E entre 85% e 90% das baleias jubartes do Atlântico Ocidente estão concentradas na região de Abrolhos, segundo o IBJ. Mesmo assim, depois de três décadas de recuperação, a população dessas baleias no Atlântico ainda é menor do que a existente no período anterior à exploração.
É possível conviver melhor com elas, como mostram exemplos de regras que já foram adotadas. Após um estudo realizado em 2003, o IBJ conseguiu um acordo com transportadores que carregam eucalipto e celulose em barcaças ao longo do litoral sul da Bahia. Foi definida uma nova rota, que reduz o risco de atropelamentos de baleias. Regras como esta ajudam a proteger as baleias, mas ainda são poucas.
Outro exemplo é um acordo em vigor desde 2003, que evita estudos sísmicos na área de ocorrência das jubartes entre os meses de julho e novembro, período em que elas são mais frequentes no litoral brasileiro. Há dois anos, esse acordo se transformou em Instrução Normativa. O acordo protege as baleias do ruído provocado por explosões realizadas durante a fase de prospecção de petróleo, que afetam a comunicação durante a época reprodutiva, afetando até a duração das canções emitidas pelas jubartes.
A baleia jubarte, por se reproduzir em áreas costeiras, é a segunda espécie que mais sofre esse tipo de acidente. O hábito deixa também os filhotes vulneráveis às redes de emalhes usadas pelos pescadores. Adultos conseguem romper a rede, mas as menores ficam presas e podem morrer afogadas. E graças à proibição da caça e outras medidas para protegê-las, com a criação do Parque Nacional Marinho de Abrolhos, as baleias estão voltando ao nosso litoral. Aprender a conviver com elas, está cada vez mais importante.
((oeco))
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