Em meio ao solo avermelhado dos areais de São Francisco de Assis, no Oeste do Rio Grande do Sul, uma espécie de grande importância geológica e ambiental pode passar despercebida.
O Gmmexecha virens ou gafanhoto-das-areias tem a aptidão de se camuflar no ambiente. Para notá-lo em meio à terra, somente o olhar atento, como o do geógrafo Luís Alberto Pires da Silva, que estuda a espécie.
De acordo com o geógrafo, a adaptação do gafanhoto-das-areias levou muito tempo para se desenvolver. Há pelo menos 200 milhões, quando o estado era deserto, a espécie vivia em ambiente mais seco e em solos pobres em cobertura vegetal. A pele, então, adquiriu uma camuflagem muito semelhante a grãos de areia. O artifício serve para enganar os predadores.
Pires da Silva foi o primeiro pesquisador a relacionar a existência da espécie com o passado geológico do Rio Grande do Sul. Segundo o geógrafo, a espécie existe há milhões de anos. Isso se deve à capacidade de fugir dos predadores. “No ambiente dos areais a sobrevivência é muito difícil, e o gafanhoto leva vantagem, pois é quase invisível”, destaca ao G1.
O professor explica também que o gafanhoto não precisa beber água, pois nos alimentos que consome (gramíneas e outros vegetais) já há líquidos que consegue aproveitar. A espécie pode ser encontrada em toda a América do Sul, sempre em regiões em que haja acúmulo de areia e seja possível a camuflagem. O padrão de cor muda de acordo com a areia em que o gafanhoto vive. Quanto mais parecido com o ambiente, mais difícil para o predador.
(Fonte: G1)
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