Formação rápida, prática e emprego assegurado


Governo e empresas concordam que o ensino técnico é uma vertente da educação básica que facilita a colocação de profissionais no mercado formal de trabalho, contribui para eliminar o chamado apagão de talentos e é um meio eficaz de disseminar a inovação tecnológica em produtos e processos, aumentando a produtividade e competitividade da economia brasileira.


Além disso, desperta o interesse de jovens e adultos que vislumbram a oportunidade de conseguir remuneração superior aos salários normalmente pagos a estudantes que apenas concluíram o ensino médio regular.

Outras particularidades, como a formação em um período de tempo menor e a ênfase que os cursos dão à atividade prática, o que proporciona ao profissional bagagem técnica para desempenhar atividades especializadas dentro das empresas, ajudam a compreender o avanço do ensino técnico no Brasil nos últimos anos. De acordo com Marco Antonio Oliveira, secretário de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação (MEC), o percentual de matrículas nessa modalidade de ensino passou de 8,2% em 2005 para 17% este ano, do total de alunos no ensino médio.

Dados do Censo Escolar da Educação Básica 2012 indicam a existência de 1,4 milhão de estudantes matriculados em cursos técnicos no Brasil, mas a meta do governo federal é oferecer 8 milhões de novas vagas em cursos de educação profissional até 2014, das quais mais de 2,3 milhões em cursos técnicos.

"Até o início de dezembro, vamos alcançar aproximadamente 740 mil matrículas somente em cursos técnicos", revela o secretário, acrescentando que estão sendo feitos investimentos na expansão e reestruturação da rede de ensino e em novos recursos pedagógicos, como laboratórios, unidades móveis, simuladores e materiais didáticos.

Segundo Marco Antonio Oliveira, o governo está expandindo os institutos federais, com a construção de 208 novas unidades de ensino, das quais 76 já estão em funcionamento, totalizando 562 unidades até 2014.

Por meio o programa Brasil Profissionalizado, serão construídas mais 217 escolas técnicas estaduais, outras 527 serão reformadas ou ampliadas e serão instalados 2.641 laboratórios. Também está prevista a ampliação dos polos da Rede E-TEC de educação a distância, que deverão chegar a 1.400 em dois anos. Os recursos envolvidos nessas iniciativas estão estimados em R$ 24 bilhões.

No ano passado foi criado o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), com o objetivo de expandir, interiorizar e democratizar a educação profissional e tecnológica. O programa tem ajudado, inclusive, a mudar o perfil socioeconômico dos estudantes frequentam cursos técnicos.

Segundo Marco Antonio Oliveira, 70% deles são oriundos de escolas públicas e possuem renda familiar mensal média de até três salários mínimos.

Atualmente, o Ministério da Educação tem um cadastro de 220 cursos técnicos em áreas que abrangem 13 eixos tecnológicos. As áreas de mais demandam profissionais com formação técnica são as relacionadas aos setores considerados estratégicos para a indústria nacional. Entre os cursos mais procurados se destacam os de eletrotécnica, mecânica, química, eletrônica, eletromecânica, automação industrial, edificações, informática, logística, segurança do trabalho, administração e contabilidade. Por outro lado, em função dos eventos esportivos, também cresceu a demanda por profissionais técnicos de nível médio nos setores de serviços, turismo e de hospitalidades, acrescenta Oliveira.

Sob a perspectiva do estudante, o ensino técnico pode ser fundamental na definição da sua carreira profissional, avalia Patrícia Lara Souza, gerente de recursos humanos da Sankhya.

Outro aspecto relevante é a possibilidade de retorno mais rápido do investimento e tempo de dedicação, já que ele pode ser formar em até dois anos. "O jovem de 16 a 18 anos muitas vezes não se sente preparado para ingressar na faculdade. Com o ensino técnico, ele pode escolher a carreira e, depois, buscar o ensino superior para complementar a formação", afirma.

Especializada em sistema de gestão empresarial (ERP) para pequenas e médias empresas, a Sankhya, que está ativa desde 1989, recruta entre 15% e 20% de sua força de trabalho com formação técnica para atuar nas áreas de gestão, administração, contabilidade e sistemas de informação. A empresa tem no seu quadro pouco mais de 550 colaboradores. "A demanda do mercado é latente e essa mão de obra nunca vai deixar de ser requisitada", afirma Patrícia.

A Bematech, que atua no segmento de automação comercial, contabiliza hoje 64 cargos técnicos em suas duas unidades instaladas em Jundiaí (SP), dedicada ao desenvolvimento de manutenção de software, e em São José dos Pinhais (PR), onde fabrica impressoras fiscais, monitores e leitores de código de barras, entre outros itens. Para esta última planta, por exemplo, a empresa busca no mercado técnicos em mecânica, mecatrônica e eletrônica.

Para Nilson Nascimento, gerente de recursos humanos da empresa, o avanço do ensino técnico está quebrando o paradigma no qual o aluno sai do curso médio regular para a universidade. Para as empresas, a vantagem do avanço dessa vertente de educacional é a rapidez no aproveitamento do profissional. "Como já tem bons conhecimentos práticos, o pico de aprendizado na função é mais curto e ele ganha maturidade profissional mais rápido", explica.

(Valor Econômico)

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