Em seu 28º aniversário, o Dia Mundial do Consumidor é celebrado por compradores cada vez mais bem informados e exigentes. De acordo com pesquisas e estudos recentes, os consumidores, inclusive os brasileiros, estão cada dia mais atentos ao que colocam no carrinho e avaliam diversos aspectos antes de optar por determinado produto, inclusive no que diz respeito a responsabilidade social e ambiental.
Isso é o que aponta o dossiê Tendências Para o Consumo Consciente, lançado em março de 2010. Segundo o documento, 21% dos cidadãos brasileiros estão informados sobre as condutas socioambientais de empresas nacionais e o fator comportamento sustentável de fabricantes de produtos corresponde a um peso de 9% entre os atributos selecionados na hora de comprar um produto.
Segundo a pesquisa Sustentabilidade Aqui e Agora, divulgada pelo Ministério do Meio Ambiente e pela rede Walmart em novembro de 2010, 26% dos brasileiros se consideram bem informados sobre o tema meio ambiente e ecologia.
Já o estudo feito em 2010 pelo Departamento do Agronegócio (Deagro) da Fiesp, em parceria com o Ibope, revelou que 63% dos consumidores brasileiros conhecem o significado do termo "selo de qualidade", 50% sabem o que são alimentos orgânicos, 21% sabem o que significam as emissões de carbono e 27% tem conhecimento do que são produtos sustentáveis.
O Instituto Akatu também avaliou a consciência dos consumidores brasileiros e destacou que o percentual de compradores classificados como “Conscientes”, ou seja, que adotam entre 11 e 13 comportamentos tidos como “responsáveis” em uma escala de 0 a 13, é de 5% da população. Considerando o aumento populacional, a organização estima um crescimento de cerca de 500 mil consumidores conscientes desde a última medição, realizada em 2006.
Cobrança e atitude
As pesquisas também revelam que os consumidores estão premiando as empresas mais responsáveis e punindo as menos. Segundo o Akatu, eles repudiam a propaganda enganosa e o tema que mais conta pontos positivos são as relações de trabalho. Ainda segundo o estudo, nove em cada dez consumidores acreditam que as empresas devem desenvolver ações além do que está estabelecido na legislação e 59% deles tem alta expectativa com o papel a ser desenvolvido pelas empresas.
Além de responsabilidade social e ambiental, os consumidores estão cada vez mais interessados em quesitos como saúde, bem-estar e ética. O Deagro traçou o perfil do brasileiro no ramo de alimentos e bebidas e mostrou que 21% dos compradores buscam alimentos que podem trazer algum benefício à saúde, que tragam selos de qualidade e outras informações sobre a origem dos alimentos.
A mesma pesquisa revelou que os compradores deixam de adquirir o produto de empresas envolvidas com irregularidades, mesmo sendo de uma marca conhecida ou de confiança. Segundo dados da Inteligência de Mercado da Gouvêa de Souza (GS&MD), 41% dos brasileiros e 36% dos consumidores globais evitam produtos de empresas que não agem de maneira socialmente responsável.
A pesquisa, divulgada em 2010, apontou que o perfil do "metaconsumidor" deverá crescer de forma vertiginosa nos próximos anos, gerando mudanças nas estruturas de negócios, produtos, canais e marcas e revolucionando toda a cadeia produtiva e de consumo mundial.
As consequências da exigência desse novo consumidor já podem ser vistas dentro das companhias, que estão se movimentando para atender aos desejos dos seus clientes. Um estudo feito em setembro de 2010 pelo Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos), aponta que 70% dos executivos ouvidos disseram que os consumidores já exigem ações ambientalmente responsáveis. Outros 54% dos entrevistados disseram acreditar que a pressão por parte do governo está aumentando.
Responsabilidade dos governos e empresas
Apesar de mais informados, os consumidores brasileiros estão retirando de si a responsabilidade pelas questões ambientais e sociais. De acordo com o Instituto Akatu, apenas um em cada três brasileiros assume que os consumidores tem muita responsabilidade pelos cuidados com o meio ambiente e questões sociais e 9% afirmam que os consumidores não tem responsabilidade alguma sobre isso.
Nesta relação aparecem, em primeiro lugar, os países ricos, seguidos por organizações internacionais, governo brasileiro, empresas multinacionais, ONGs e empresas brasileiras.
Quem reforça essa tendência é a pesquisa Sustentabilidade Aqui e Agora, que revelou uma percepção dos brasileiros de que os problemas ambientais devem ser resolvidos pelo poder público. A maioria o indicou como principal responsável por solucionar os problemas ambientais identificados, ficando em primeiro lugar a prefeitura e em segundo o governo estadual.
Mercado
Mesmo com tantas mudanças, o mercado não tem se mostrado totalmente favorável a quem busca comprar de acordo com as indicações socioambientais. Uma pesquisa divulgada em 2010 pela Market Analysis avaliou o perfil do consumidor de produtos orgânicos no Brasil e revelou que apenas 2% dos produtores brasileiros cultivam orgânicos, mesmo quando um em cada seis brasileiros, cerca de 17% da população, afirma comprar esse tipo de alimentos de uma a cinco vezes por semana.
Além de se tornarem cada vez mais exigentes e em maior quantidade, esses consumidores também estão dispostos a pagar mais caro por produtos sociambientalmente corretos.
Segundo o estudo do Deagro, entre os consumidores que sabem o que são produtos sustentáveis, 80% afirmaram estar dispostos a comprá-los - mesmo que sejam mais caros. A pesquisa ainda apontou que o quesito valor foi o menos significativo na hora da opção por produtos e tende a perder ainda mais importância. Se hoje é decisivo para 28% das pessoas, no futuro será para 23% delas.
A informação é reforçada pela pesquisa da GS&MD, que afirma que 8% de todos os brasileiros aceitariam desembolsar um valor superior por produtos que garantissem uma consciência tranquila. Levantamento semelhante feito pelo Datafolha em 2009 mostrou que 81% dos brasileiros escolheriam madeiras, castanhas, madeiras, portas, pisos ou mel que fossem certificados, e 85% pagariam mais caro por produtos agrícolas ou carne certificada.
“Ficamos surpresos com o resultado, achávamos que no Brasil o consumidor tinha outras prioridades. Mas o bom momento econômico e a inclusão de milhares de famílias no nível de consumo mudaram este quadro”, destacou Antonio Carlos Costa, gerente do Deagro.
(Ecod)
0 Comentários
Olá, agradecemos sua visita. Abraço.