Cientistas encontram primo extinto de jacarés no sul do Brasil

Ele não era tão grande quanto o Oxalaia quilombensis, dinossauro carnívoro tupiniquim de até 14 m que ficou conhecido em março, mas vai abocanhar seu lugar na paleontologia brasileira.

O Decuriasuchus quartacolonia, primo distante dos crocodilos encontrado no Rio Grande do Sul, é o predador dessa linhagem que apresenta a mais antiga evidência de hábitos sociais, segundo pesquisadores da USP de Ribeirão Preto (SP) e da Fundação Zoobotânica de Porto Alegre (RS).

Os responsáveis pelo achado e pela pesquisa que revelou as características do réptil afirmam que os fósseis têm 240 milhões de anos, o que os remetem ao período Triássico (entre 251 milhões e 199 milhões de anos atrás).

Os indivíduos da espécie eram quadrúpedes, mediam até 2,5 metros e tinham crânios de até 30 centímetros.

“Como foram achados dez indivíduos, nove deles amontoados, isso significa que esse grupo que viveu antes dos dinossauros tinha comportamento social, caçava em bando e podia se defender de adversários”, disse Marco França, um dos pesquisadores responsáveis.

Na seca – Segundo ele, o local onde os fósseis foram encontrados indica que os animais viviam em uma planície que sofria com grandes secas sazonais.

“Pode ser que em um desses períodos de estiagem eles morreram ali, mas isso já é especulação”, afirmou França, que é doutorando em biologia comparada na USP de Ribeirão Preto. A nova espécie se encaixa numa grande linhagem de répteis terrestres, parentes distantes dos jacarés, que floresceram antes dos dinos.

A descoberta aconteceu em 2001, na cidade de Dona Francisca, região de Quarta Colônia – por isso o “sobrenome” do bicho -, mas a divulgação só foi feita agora, após a comprovação de sua importância paleontológica.

Para isso, desde 2001, foram realizados os estudos para descrever formalmente o novo réptil pré-histórico.

“Havia muita concreção [áreas endurecidas] de rocha ao redor do material. Por isso foi necessário esse longo tempo de estudos”, disse Jorge Ferigolo, paleontólogo do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica.

Ele participou das escavações e conta que “logo de cara” a equipe sabia que se tratava de algo inédito.

“O mais interessante da paleontologia, para mim, é quando a gente encontra um fóssil. Mas quando descobrimos que é algo novo, então, é a maior alegria do paleontólogo”, declarou Ferigolo.

De acordo com os pesquisadores, o nome Decuriasuchus é uma junção de duas referências: a unidade de dez soldados do Exército romano, a decúria, e o termo grego “suchus” para fazer alusão à cabeça de crocodilo.

(Fonte: Araripe Castilho/ Folha.com)

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