Na semana passada, Mike Taylor identificou um novo dinossauro chamado Brontomerus mcintoshi, um saurópode de coxas notavelmente grandes e fortes.
Foi o segundo dinossauro que ele batizou em cinco anos, e sua 13ª publicação de paleontologia.
Isso seria impressionante, mas nada incomum, para um aplicado paleontólogo em tempo integral. Porém, Mike Taylor é um programador de computadores britânico de 42 anos, e trabalha escrevendo códigos numa curiosa vila inglesa chamada Ruardean.
Caçar dinossauros é apenas um hobby, embora seja levado com seriedade.
Dez anos atrás, enquanto lia um artigo de paleontologia numa longa viagem de avião, ele teve uma revelação.
“Eu apenas achei que poderia fazer melhor do que aquilo”, diz ele. “E então decidi, por que não? O que me impede?”
Seu interesse infantil pelos dinossauros se reacendeu em 2000, e ele adquiriu livros clássicos como “As Heresias dos Dinossauros”, “O Dinossauro Completo” e a “Enciclopédia dos Dinossauros”. Ele acumulou uma coleção de revistas de paleontologia e as estudou com a voracidade de um estudante universitário.
O Dr. Taylor, cujos inúmeros artigos lhe renderam um título formal de Ph.D. em paleontologia pela Universidade de Portsmouth, em 2009, não está sozinho em seu amor pelos dinossauros. O grande público sempre teve uma fascinação pelas magníficas criaturas de milhões de anos atrás, algumas tão grandes que fariam elefantes parecerem anões.
“Existem muitos fãs de dinossauros por aí”, diz o Dr. Taylor. “Eu era apenas mais um deles”.
Sua descoberta mais recente, o Brontomerus macintoshi, recebeu o nome em homenagem a John McIntosh, mais um desses “fãs”.
O Dr. McIntosh era professor de física em Wesleyan, mas passava seu tempo livre debruçado sobre ossos em museus do mundo todo. E quando se aposentou, há 20 anos, dedicou-se ao estudo dos saurópodes, a classe dos grandes dinossauros herbívoros também preferida pelo Dr. Taylor.
Durante mais de 30 anos, o Dr. McIntosh realizou importantes contribuições ao campo, escrevendo muitos artigos e diversos livros. Em 1979, ele ajudou a provar que os paleontólogos haviam montado a cabeça errada num saurópode chamado Apatossauro. “Até mesmo um pequeno paleontólogo pode fazer uma gigantesca contribuição”, diz o Dr. Taylor.
Outras disciplinas científicas, como física e genética, exigem equipamentos complexos, grandes laboratórios e enormes verbas. Embora a paleontologia venha usando cada vez mais imagens de tomografia e análises moleculares, ainda há muito espaço para a honrada busca por ossos e a montagem de esqueletos.
“Você só precisa de uma câmera razoavelmente boa, um pouco de tempo e dinheiro para viajar a museus, certa experiência e um bom olho”, diz Nicholas Longrich, paleontólogo de Yale. “Mesmo assim é difícil – nem todos conseguem fazê-lo – , mas os obstáculos de entrada são muito menores do que para outros campos”.
O Dr. Taylor nunca participou de escavações, preferindo estudar a grande quantidade de fósseis não-classificados que acumulam poeira nos porões de museus. Ele tira fotos de diversos ângulos e conduz medições detalhadas, estudando posteriormente suas informações.
“Dado o tempo limitado que tenho disponível para a paleontologia, conferências e visitas a museus acabam sendo mais importantes”, diz ele.
Sua primeira descoberta, um osso pertencente a um herbívoro do tamanho de um elefante chamado Xenoposeidon, foi escavado no início da década de 1980. Ele foi adquirido pelo Museu de História Natural em Londres, e permaneceu sem identificação até que o Dr. Taylor começou a estudá-lo.
O dinossauro recentemente batizado por ele foi descoberto em Utah, em 1995, e arquivado no Museu de História Natural Sam Noble de Oklahoma, sem identificação.
“Nossos museus estão abarrotados de artefatos que nunca foram estudados, ou explicados de qualquer forma”, diz Mathew Wedel, paleontólogo e anatomista da Universidade de Ciências da Saúde e co-autor, junto ao Dr. Taylor, do artigo sobre o Brontomerus.
Ele e o Dr. Taylor se tornaram amigos de correspondência há dez anos, quando o Dr. Taylor lhe mandou um e-mail sobre uma de suas publicações. Começaram, então, a compartilhar e discutir ideias. Hoje são melhores amigos, e geralmente se encontram em conferências de paleontologia e museus para trabalhar em conjunto.
Embora o Dr. Wedel trabalhe com paleontologia em tempo integral, ele vê grandes benefícios em colaborar com o Dr. Taylor, que proporciona uma perspectiva original.
“No início não havia o que hoje chamamos de cientista profissional”, diz ele. “Ao longo do caminho nós perdemos algo, e foi essa ideia de que qualquer um pode contribuir para o conhecimento humano”.
(Fonte: Portal iG)
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