Planetas podem ter se formado com elementos de diversos ambientes

A notícia de que grãos de cálcio e alumínio viajaram longas distâncias pelo sistema solar antes de se fixarem em meteoritos pode parecer uma conversa sem pé nem cabeça, mas ela diz muito mais sobre a formação do sistema solar do que se pode supor à primeira vista.

Quem explica é Justin Simon, especialista da Nasa que publicou uma pesquisa sobre o tema após estudar um pedaço (do tamanho de uma pera) vindo do meteorito Allende, que caiu na Terra há mais de 40 anos: “o que estudamos parece ter se formado no ambiente quente e gasoso do Sol, pode depois ter sido jogado fora do sistema solar e então caído dentro de um cinturão de asteróides e finalmente voltado para perto do sol. E tudo isso aconteceu antes de ter se fixado em um pequeno asteróide e caído como meteoro na Terra”, afirmou Simon ao iG.

O pedaço do meteorito estudado por Simon e colegas, chamado tecnicamente de inclusão de cálcio e alumínio, é um dos mais antigos habitantes do sistema solar. “Com cerca de 4,57 bilhões de anos, eles são os objetos mais antigos a condensar em nosso sistema solar. Por isso está gravado ali como era o sistema antes mesmo da formação dos planetas. Este estudo dá sustentação às ideias de que planetas como Terra, Marte, Mercúrio e Vênus se formaram a partir de materiais que se juntaram de diversas fontes diferentes e não a partir de um material que vindo todo da mesma ‘zona de alimentação’ ”, explica Simon.

A descoberta, publicada na edição desta semana do periódico Science, surpreendeu o pesquisador que não esperava que as inclusões viajassem tanto. “Esta pesquisa traz as primeiras medições que mostram que sólidos formados no início do sistema solar estiveram em diversos ambientes durante a fase de formação dos planetas do nosso sistema”, afirmou ele. E completou. “O início desta viagem [do grão de poeira] é consistente com os modelos astrofísicos atuais, mas ele também traz implicações importantes de como a matéria se distribuiu em torno do Sol em seu início e como ela pode ter se juntado para formar os planetas terrestres. Por isso parte dos modelos de evolução desses discos astrofísicos [os planetas terrestres] precisará ser mudado”.

(Fonte: Portal iG)

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