Um artigo publicado pela “Science” mostrou que uma espécie de peixe conseguiu não só sobreviver, mas também se desenvolver nas águas poluídas do Rio Hudson, em Nova York. Por 30 anos, mais de meia tonelada de bifenilpoliclorados (PCB, na sigla em inglês) foram jogados ali, contaminando e devastando populações de peixes.
Cerca de 50 anos depois, pesquisadores da Universidade de Nova York (NYU) e do Instituto Oceanográfico Woods Hole (WHOI) detectaram uma mudança evolutiva que levou o Microgadus tomcod, um parente menor do bacalhau, a uma resistência ao PCB.
Anteriormente, já haviam sido percebidas adaptações de insetos a inseticidas e de bactérias a antibióticos. Contudo, “esta é a primeira demonstração de um mecanismo de resistência em qualquer população vertebrada”, afirmou Isaac Wirgin, um dos autores do estudo.
A descoberta é “um exemplo de como as atividades humanas podem provocar a evolução ao introduzir fatores de estresse no meio ambiente”, segundo a bióloga Diana Franks, que colaborou na pesquisa.
A alteração genética foi percebida por meio da análise do gene AHR2, um método comum de controlar a sensibilidade aos PCB’s. Dois dos 1.104 aminoácidos normalmente encontrados nas proteínas desse gene aparentemente sumiram nos espécimes que vivem na região.
A mudança provoca espanto por se tratar de algo muito rápido; a poluição do rio com esse composto químico começou a cerca de cem anos. “Qualquer mudança evolucionária nesse ritmo não pode ser uma coisa boa”, afirmou Wirgin, que disse ainda que o peixe deve precisar se readaptar caso o rio seja limpo.
Os cientistas fazem ainda o alerta de que a adaptação terá impacto na cadeia alimentar. “O peixe sobrevive, mas ainda acumula PCB’s no corpo e passa para frente, para quem quer que o coma”, apontou Mark Hahn, outro colaborador. Ele serve de alimento para peixes maiores e, consequentemente, os poluentes podem até ser consumidos por seres humanos.
(Fonte: G1)
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