Além de atrair empresas especializadas em reciclagem (conforme já noticiado aqui no EcoD), a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), sancionada em 2010, abrirá caminho para novas tecnologias que buscam mitigar o problema do lixo urbano no Brasil, uma vez que o país deve eliminar os lixões até 2014 e melhorar as condições de aterros sanitários - atualmente, 43% dos resíduos coletados não recebem destinação adequada.
Lixo urbano é um dos principais problemas ambientais do país/Foto: Wilson Dias/ABr
Segundo matéria publicada no Estadão.com, entre as tecnologias que começam a se tornar competitivas está a transformação dos resíduos em combustíveis, conhecida pela sigla CDR (combustível derivado de resíduo).
A empresa de gestão de resíduos Estre Ambiental trouxe essa tecnologia para o país e instalou em Paulínia (SP) o Tiranossauro, um equipamento importado da Finlândia. Em um galpão de 6,2 mil m², a máquina tritura, separa e transforma o lixo em combustível. "Com essa máquina, é possível dar destino do lixo orgânico até resíduos mais volumosos, como móveis e colchões velhos", explicou ao Estadão Pedro Stech, diretor de Tecnologia Ambiental da Estre. O equipamento, em testes, deve começar a operar comercialmente em abril.
Stech explica que a tecnologia CDR está em operação em outras 50 cidades do mundo, como Roma e Helsinque. A unidade em testes em Paulínia tem capacidade para processar 1 mil toneladas de lixo por dia e permite produzir 500 toneladas/dia de combustível para fornos industriais - que pode ser usado para alimentar caldeiras e fornos hoje abastecidos com combustíveis fósseis, como carvão.
Incineração é outra alternativa
A tecnologia da incineração dos resíduos em termelétricas que geram energia elétrica, comum na Europa e Japão, é outra que deve entrar em operação nos próximos meses. Há estudos de viabilidade em andamento - de capitais como Belo Horizonte a municípios de porte médio, como São Sebastião, Barueri e São Bernardo do Campo (SP).
"Com a aprovação da lei nacional de resíduos, a tendência é que haja uma diversificação nas tecnologias para dar destino aos resíduos no país", projetou Carlos Roberto Vieira da Silva Filho, diretor executivo da Abrelpe, entidade que reúne empresas de coleta e destinação do lixo. Segundo ele, o custo da incineração dos resíduos ainda é um empecilho - em torno de R$ 250 a tonelada, enquanto o custo médio da destinação a aterro é de R$ 90 a tonelada. "Mas esses custos podem ser reduzidos com a venda da energia elétrica gerada pelo sistema", sugeriu Silva.
Para Lúcia Coraça, diretora de Química e Energia da Pöyry, empresa que atualmente realiza um estudo de viabilidade para uma unidade de incineração em Belo Horizonte, a incineração pode ajudar a resolver o problema do lixo nas metrópoles. "É possível conciliar a reciclagem dos materiais com a incineração", destacou.
Lei de Resíduos Sólidos
O governo federal instalou em 17 de fevereiro o Comitê Orientador de Logística Reversa, que vai definir a regulamentação das regras para devolução de lixo como pilhas, lâmpadas, eletrônicos e embalagens de agrotóxicos. A logística reversa está prevista na PNRS, aprovada em 2010 após mais de 20 anos de trasmitação no Congresso. O comitê é formado pelos ministérios do Meio Ambiente, da Saúde, da Fazenda, da Agricultura e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
A expectativa da ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, é que parte das medidas previstas na PNRS entre logo em vigor por meio do trabalho do comitê. “É uma lei que representa menos lixo na rua, cidadão mais consciente, [vai] evitar que existam embalagens na rua para o mosquito da dengue se proliferar, evitar bueiros entupidos e dar racionalidade econômica ao problema ambiental mais grave do país, que é o lixo”.
Em junho, o comitê deve apresentar o cronograma e os editais para os acordos com cada setor. “O foco prioritário serão pilhas e baterias, lâmpadas e a área de eletrônicos", adiantou a ministra Izabella.
(Ecod)
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