A força do vulcão japonês Shinmoe, que entrou em erupção na semana passada após 52 anos adormecido, não é um fenômeno único, alertam especialistas. Outros vulcões inativos ainda podem assustar e até ameaçar a vida na Terra. Não é possível, no entanto, precisar quando isso pode acontecer.
O geólogo e professor da Universidade de São Paulo (USP) Valdecir Janasi lembra do “supervulcão” Yellowstone, no Wyoming (Estados Unidos). “Existem poucas dúvidas de que ele voltará a entrar em erupção, e que ela pode ser catastrófica, como foram várias no passado naquela região. Existe um grande programa de estudos em curso em Yellowstone para conhecer em detalhe a história desse vulcanismo e monitorar o seu comportamento, envolvendo equipes de geólogos e geofísicos”, diz o pesquisador.
A alcunha do Yellowstone foi criada pela rede britânica de TV e rádio BBC. “Nos últimos dois milhões de anos Yellowstone foi palco de erupções de grande impacto sobre o planeta – talvez as maiores do período, daí a denominação informal de “supervulcão”. A última ocorreu por volta de 640 mil anos atrás, e é provável que ele volte a entrar em erupção no futuro próximo ou distante, mas não é possível prever exatamente quando”, explica o professor do Departamento de Mineralogia e Petrologia do Instituto de Geociências da USP, Ciro Correia.
No caso do parque de Yellowstone, que inclui boa parte da área da caldeira do vulcão de mesmo nome, não existe atualmente um edifício vulcânico ativo. O que existe é a atividade magmática e câmaras magmáticas subterrâneas, a quilômetros de profundidade sob o parque, que podem vir a formar novos edifícios vulcânicos de superfície no futuro. O parque, conhecido também por seus gêiseres, é aberto à visitação pública.
Extinção da vida na Terra – Conforme a publicação científica Nature Geoscience, pesquisadores canadenses da universidade de Calgary descobriram evidências para explicar como grandes erupções de vulcões, ocorridas há 250 milhões de anos, acabaram com um ciclo de vida na Terra. Os vulcões teriam produzido carvão suficiente para formar nuvens de cinzas na atmosfera, que geraram gases de efeito estufa e dizimaram 95% da vida marinha, além de 70% dos seres vivos terrestres.
As pistas, formadas por camadas de carvão e fuligem, foram encontradas no norte do Canadá, mas o material teria sido originado em vulcões próximos das cidades de Tura, Yakutsk e Irkutsk, na Rússia. Isso porque, durante esse período estudado pelos pesquisadores canadenses, a Terra continha apenas um supercontinente, conhecido como Pangea.
Na época, a Terra já enfrentava aquecimento, com os níveis de oxigênio nos oceanos diminuindo. Mas hoje, quais seriam as consequências da erupção de um supervulcão, como o de Yellowstone? Para Valdecir Janasi, elas “podem ser catastróficas de imediato, pois esse vulcanismo é tipicamente explosivo, e pode devastar uma grande área nos arredores – vide também os problemas com as cinzas lançadas na atmosfera, causados por um pequeno vulcão na Islândia no ano passado (o Eyjafjallajokul). No curto e médio prazos, pode causar alterações climáticas importantes, diminuindo a temperatura média do planeta”.
“Caso ele volte a entrar em erupção e esse evento tenha a energia das erupções anteriores, sem dúvida o impacto sobre a vida no planeta e sobre a humanidade será muito grande, sem que, no entanto, seja possível antever exatamente a extensão da destruição causada”, completa Ciro Correia.
(Fonte: Portal Terra)
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