Apesar da poluição, dos arranha-céus e dos ruídos causados por motores, sirenes e buzinas, a cidade de São Paulo abriga mais de 50 “oásis verdes” onde é possível observar aves. Espécies mais simples, como sabiás e bem-te-vis, e incomuns, como araras e cardeais, podem ser vistas em liberdade, se alimentando e cantando em parques, praças e bairros arborizados.
O Parque Ibirapuera, o mais famoso da capital paulista, é uma dessas áreas. Praticantes de birdwatching (como é conhecida a observação de aves) podem se surpreender com a diversidade de animais. “Aqui tem mais de cem espécies”, diz o biólogo René Santos, de 31 anos.
Iniciante no hobby, o também biólogo Rodrigo Gessulli, de 32 anos, ressalta os benefícios da prática. “Você faz exercício, conhece lugares verdes. E é recomendado para pessoas de todas as idades.”
Durante caminhada pelas alamedas do parque na manhã, Santos e Gessulli se empolgavam a cada ave observada. “Mas não basta ver. É preciso ficar atento com a vocalização. Mais de 95% das aves são identificadas pelo som que fazem.”
Atenção, silêncio e paciência são obrigatórios para os praticantes que querem ter êxito no hobby. Há quem aguarde mais de uma hora, imóvel, apenas para ter a chance de olhar uma ave rara. A vestimenta é outro fator que deve ser levado em consideração. “Tem que usar roupas de cores mais próximas da mata, como esverdeadas e de tom marrom”, diz o guia profissional Gilberto Teixeira Rodrigues, de 33 anos.
Os equipamentos sugeridos são binóculos, livros com descrição dos animais e gravador de som. Para atrair as aves, o praticante grava o som da vocalização do animal e o reproduz em seguida. Assim, um pássaro, como o bem-te-vi, ao ouvir a gravação do canto pensa que há outro de sua espécie na região e se aproxima do praticante de birdwatching.
Quem quiser fotografar os bichos deve evitar flash ao máximo, pois assusta as aves.
Preservação – A prática do birdwatching é relativamente nova no Brasil. Apesar de o país ter mais de 1.800 espécies de aves catalogadas, segundo levantamento do Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos, apenas nos últimos anos a atividade passou a ganhar adeptos. “Antes, eram mais estrangeiros que procuravam. Mas a maioria continua vindo de outros países”, afirma o guia Rodrigues.
Para o biólogo Santos, que desde criança pratica a observação de aves, o birdwatching tem papel fundamental na educação ambiental. “Quando há uma espécie única em um vilarejo, por exemplo, o lugar passa a receber vários praticantes, que movimentam a economia.” Para não perder esse lucro, os moradores passam a valorizar os animais que vivem lá, impedindo a caça e preservando seus habitats.
Além do Ibirapuera, há áreas verdes em toda a cidade. Levantamento feito com base em dados das secretarias estadual e municipal do Meio Ambiente e do Centro de Estudos Ornitológicos mostra pontos em toda a cidade.
(Fonte: Paulo Toledo Piza/ G1)
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