China quer construir hidrelétricas no "Grand Canyon do Oriente"

A ideia de construir usinas hidrelétricas no seio de regiões ricas em biodiversidade não parece ser exclusividade do governo brasileiro. Na China, por exemplo, um plano cujo objetivo é a instalação de uma cascasta desses empreendimentos em pleno Rio Nu (mais conhecido fora da China como Salween) promete causar muita polêmica, segundo informou o jornal britânico The Guardian.

Construtoras de reservatórios de água na China pressionam o governo a favor do plano, batizado de Big Hydro. A retomada das negociações para aproveitar o poder do Rio Nu joga por terra uma suspensão ordenada em 2004 pelo primeiro-ministro Wen Jiabao em razão de fatores ambientais, e reconfirmada em 2009.

À época, grupos ambientalistas saudaram o adiamento como uma rara vitória contra o projeto Big Hydro em uma área da província de Yunnan, no Sudoeste chinês, que é de importância global para a biodiversidade. Agora, no entanto, a empresa Huadian (uma das cinco maiores concessionárias do país) e o governo da província argumentam que é necessário gerar mais energia por processos de baixo carbono para atingir as metas climáticas da China, uma economia em rápida ascensão.

"Acreditamos que a região do Rio Nu pode ser desenvolvida e que este progresso pode ser feito durante o 12º período do Plano Quinquenal (2011-2015)", afirmou ao The Guardian Shi Lishan, vice-diretor da Agência Nacional de Energia. O plano contempla a construção de 13 reservatórios no meio e na parte mais baixa do rio, com uma capacidade total de geração de 21.3 GW.

O Nu ("rio bravo", em chinês) flui de sua fonte no Himalaia por meio do coração de um patrimônio mundial das Nações Unidas que tem sido chamado de "Grand Canyon do Oriente". É o lar de mais de 80 espécies ameaçadas de extinção, incluindo leopardos da neve. Fornece água para a Birmânia e Tailândia, cujos governos se uniram a uma coalizão de grupos ambientalistas e cientistas para expressar oposição ao Big Hidro. Calcula-se que a construção das barragens forçará a realocação de mais de 50 mil pessoas que vivem nos arredores.

A Agência Nacional de Energia divulgou em janeiro que os planos do país incluem a construção de hidrelétricas para geração de 140 gigawatts de energia nos próximos cinco anos. A meta é produzir 15% da energia do país por meio de fontes que dispensem os combustíveis fósseis até 2020. Assim como o Nu, a próxima rodada de projetos pode incluir as usinas hidrelétricas de Sichuan, Qinghai e Tibet.

Com informações do The Guardian.

(Ecod)

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