A fórmula é associada a terapia com laser para eliminar as células do câncer de pele de forma pouco invasiva. Substância ainda está em fase de testes; o tratamento pode ser combinado a cirurgia e quimioterapia
Um novo remédio, associado à terapia fotodinâmica, com laser, foi desenvolvido pela USP para tratar melanoma de forma menos agressiva. Esse tipo de câncer de pele é grave e tem maior possibilidade de causar metástase do que o não melanoma. No estudo, a droga conseguiu matar mais de 90% das células malignas.
O tratamento pode ser aliado aos procedimentos já existentes, como a cirurgia. Dependendo do caso, rádio, químio ou imunoterapia podem ser necessárias.
A terapia fotodinâmica já é usada para tratar tumores não melanomas pequenos e superficiais, menos graves, com bons resultados. O laser também é usado em tratamentos de pele, para acne e rejuvenescimento. A técnica destrói as células doentes de forma seletiva, é menos invasiva e reduz o risco de cicatrizes.
No tratamento, a droga fotossensibilizante é aplicada no tumor, que é exposto a uma luz específica. Agora, o trabalho de doutorado da farmacêutica Paula Aboud Barbugli, na USP de Ribeirão Preto, aponta que o tratamento também pode ser eficaz nesse tipo de câncer mais severo.
A formulação foi feita com o princípio ativo ftalocianina de cloroalumínio e pode ser injetada na veia do paciente ou aplicada em forma de creme ou gel sobre o melanoma.
Com a irradiação, ocorrem reações bioquímicas que produzem espécies reativas do oxigênio, que matam as células tumorais.
Benefícios
Para Antonio Claudio Tedesco, orientador da pesquisa e coordenador do Centro de Nanotecnologia e Engenharia Tecidual voltado à Saúde da USP de Ribeirão Preto, a terapia fotodinâmica apresenta muitas vantagens em relação à cirurgia.
"A retirada cirúrgica do tumor pode provocar mutilação na região afetada. Já a terapia não invasiva é uma nova opção para que isso seja evitado, mantendo a qualidade de vida do paciente."
Além dos benefícios estéticos, a terapia mantém a função de órgãos e tecidos, que pode ser prejudicada com a retirada de tumores em áreas delicadas, como a pálpebra.
No entanto, o oncologista do Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo) Rafael Schmerling, coordenador do grupo de melanoma e sarcoma, questiona se a terapia fotodinâmica atinge a profundidade necessária para que o melanoma seja retirado totalmente e não apareça em outros locais do corpo.
Tedesco afirma que a nanotecnologia permite que a lesão seja atingida de forma profunda. Porém, ele lembra que é preciso fazer mais estudos, principalmente para determinar os efeitos do método em humanos.
Nessa primeira fase da pesquisa, foram feitos testes in vitro com diferentes modelos celulares e fases de progressão do melanoma. O próximo passo é fazer estudos em animais e clínicos.
"É preciso saber se é seguro e efetivo em animais, depois definir a dose em humanos e ver quais são os efeitos colaterais, para fazer testes clínicos", diz Schmerling.
O oncologista afirma ainda que pesquisas como essa são importantes para entender o mecanismo de funcionamento do melanoma e contribuem com ferramentas para tratamentos no futuro.
(Mariana Versolato - Folha de SP)
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