Para decifrar cérebro humano, cientistas formam banco com dados de drosófilas

Pesquisadores taiwaneses codificaram cerca de 16 mil neurônios – de um total de100 mil – de uma mosca-das-frutas, a famosa drosófila, para reconstruir o mapeamento de seu cérebro.

Em termos similares aos que definem computadores, a equipe descreve a arquitetura geral do cérebro da mosca como uma composição de 41 unidades de processamento local, 58 feixes que ligam as unidades a outras partes do cérebro e seis centros.

Biólogos veem esse atlas do cérebro da mosca como o primeiro passo para compreender o cérebro humano. Seis dos mensageiros químicos que transmitem mensagens entre neurônios são os mesmos nas duas espécies. E a estrutura geral – dois hemisférios com inúmeras ligações cruzadas – também é similar.

Agora os biólogos serão capazes de comparar os comportamentos da mosca de fruta, detalhadamente estudados, com os circuitos cerebrais estabelecidos pelo novo atlas, disse o neurobiólogo da Universidade da Califórnia (EUA) Ralph Grenspan.

O atlas é mantido num supercomputador em Taiwan, que pode ser consultado por biólogos de moscas do mundo todo. Eles também podem atualizar o atlas, subindo suas próprias imagens de neurônios de moscas.

A equipe de Taiwan é liderada por Ann-Shyn Chiang, que trabalha no projeto há uma década. Ele reuniu um grupo de 40 pessoas, que incluem programadores e engenheiros de computação, trabalhando num orçamento de aproximadamente US$ 1 milhão por ano.

Cada cérebro de mosca tem tamanho e formato diferentes. A equipe de Chiang teve de definir as dimensões médias para macho e fêmea, criando um cérebro virtual com dimensões padronizadas. Em seguida, eles desenvolveram algoritmos para revisar a imagem 3D de cada neurônio – de forma a trazê-las ao registro com o cérebro padrão. Isso significa que todas as 16 mil imagens de neurônios, cada uma obtida de uma mosca diferente, podem ser comparadas entre si.

Depois cada neurônio recebeu um código de barras com as coordenadas de onde fica seu núcleo celular considerando-se o cérebro padrão da drosófila, além de informações sobre a quais outras partes do cérebro o neurônio se conecta, e que tipo de transmissor químico ele usa.

Chiang diz que continuará construindo seu atlas até ter imagens de todos os cem mil neurônios do cérebro da mosca, e afirma ainda não pensar em mapear as sinapses – as precisas conexões que um neurônio faz com os outros.

Com um diagrama completo dos neurônios da mosca e suas conexões sinápticas, os pesquisadores poderiam testar suas ideias sobre como a informação flui no cérebro.

(Fonte: Folha.com)

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