De mais de 25 mil espécies de vertebrados avaliadas por cientistas ao redor do mundo, 52 dão um passo em direção à extinção todos os anos – 0,2% do total, portanto.
“Dar um passo em direção à extinção” significa mudar de status na classificação feita pela União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), que começa em “segura”, passa por “vulnerável” e chega, finalmente, a “extinta”.
Apesar dessa aparente boa notícia – ou ao menos uma notícia não tão trágica -, a situação global dos vertebrados ainda preocupa. No total, um quinto deles corre risco de desaparecer.
A esperança é que, na maioria dos casos, a piora na situação das espécies se mostrou reversível. Só 16% das ameaçadas – por volta de oito ou nove espécies – realmente acabam extintas. As outras “descem” de status, mas sobrevivem. O número de animais extintos ao ano não subiu consideravelmente nas últimas décadas.
Pelo menos desde 1996, aliás, nenhum mamífero foi listado como extinto, embora haja dúvidas sobre um golfinho chinês de água doce que anda sumido, o baiji (Lipotes vexillifer), que pode ser um desses casos. Desde os anos 1950, nenhum vertebrado de grande porte foi extinto.
Essas conclusões estão na revista “Science”. Entre as dezenas de autores, membros de ONGs como a própria IUCN, Conservação Internacional e WWF, e cientistas de várias universidades.
O grupo defende, porém, que os números que apresentam não devem ser interpretados como sinal de que existe exagero sobre os riscos que a humanidade impõe à biodiversidade mundo afora.
“Esses números podem parecer pequenos, mas são enormes na escala ecológica”, diz Ana Rodrigues, pesquisadora portuguesa do Centro Nacional de Pesquisa Científica da França.
“No caso das aves, sabemos que pelo menos 130 espécies desapareceram desde o ano de 1500. Há 10 mil espécies de aves no mundo, mas isso é dezenas de vezes mais do que se não houvesse intervenção humana.”
Sobre a extinção de animais grandes ter cessado, Débora Silvano, da Universidade Católica de Brasília, diz que eles são privilegiados.
“São animais que chamam mais a atenção, são mais carismáticos. No caso da caça de baleias, por exemplo, se fala bastante no assunto.”
Para ela, não há motivo para minimizar o risco. “As espécies estão declinando, e as ameaças estão aí: o avanço da fronteira agrícola, o desmatamento, caçadas.”
(Fonte: Ricardo Mioto/ Folha.com)
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