Imagine ter oito opções de estradas para chegar à praia e poder mudar de via cada vez que aparece um congestionamento. Imagine agora que você pode usar duas vias ao mesmo tempo e, assim, chegar mais rápido. É assim que certas algas capturam a energia da luz solar.
A descoberta, que foi anunciada por um time de cientistas da Universidade de Toronto, Canadá, está dando novo fôlego aos estudos sobre esse processo.
Os pesquisadores, agora, querem entender como os múltiplos caminhos da fotossíntese das algas (fenômeno que envolve a propriedade conhecida como coerência quântica) afetam a bioconversão de luz solar.
Isso pode auxiliar no desenvolvimento da fotossíntese artificial, otimização do processo natural que é esperança de energia limpa.
“Já se sabia [antes da descoberta] que, em baixas temperaturas, o fenômeno de múltiplos caminhos ocorria durante a fotossíntese. A novidade é que isso foi observado sob condições fisiológicas, em temperatura ambiente”, diz o químico René Nome, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
Ele participou recentemente de um workshop do Bioen (um programa da Fapesp de pesquisa em bioenergia) focado nos mecanismos moleculares de fotossíntese. “A ideia é criar redes de pesquisa e estimular esses grupos de estudo no Brasil”, diz o especialista.
A possibilidade de que a energia da luz absorvida durante a fotossíntese esteja em dois lugares ao mesmo tempo, por assim dizer, tinha sido observada em bactérias fotossintéticas. Mas a sua relevância para a biologia era questionada por muitos.
Isso mudou quando o químico canadense Gregory Scholes Engel descobriu um mecanismo das algas para a captação de energia. Nesse sistema, a energia viaja pela “antena captadora” para uma parte da célula que produz combustível químico.
Essa rota evita perdas de energia e aproveita até 95% do que é captado. Hoje, os cientistas querem entender se essa otimização pode ser encontrada em outros organismos fotossintetizantes.
(Fonte: Sabine Righetti)
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