O mercado internacional já possui opções para quem quer ter um enterro sustentável / Foto: Stephan Ridgway
Para ter uma vida sustentável do início ao fim (literalmente) muita gente já está optando por enterros ecológicos. A nova onda já está invadindo países como Estados Unidos e Reino Unido e promete reduzir os impactos de quem pretende descansar em paz - em todos os sentidos.
Apesar de parecer exagero para alguns, o Green Burial Council, organização não-governamental dedicada à promoção dos enterros ecológicos nos EUA, garante que as medidas evitam problemas graves ao meio ambiente.
Segundo a organização, a cada ano são usados cerca de 82 mil toneladas de aço e 2.500 toneladas de bronze e cobre nos enterros norte-americanos, além de 1,4 milhão de toneladas de cimento para manter o formato dos túmulos.
Para fabricar um caixão convencional é preciso utilizar a madeira de uma árvore inteira, geralmente o magno, que demora 50 anos para crescer. Já os processos de embalsamamento liberam até 3,1 milhões de litros de fluídos de formol, substância que a Agência para a Proteção do Meio Ambiente dos EUA (EPA) qualificou de "provável agente cancerígeno".
Segundo o Green Burial Council, esses componentes podem se infiltrar nas águas subterrâneas, poluindo solo e lençóis freáticos, além de representar um risco para os trabalhadores das funerárias.
Nas cremações os impactos são igualmente relevantes. De acordo com a organização, a alta temperatura da cremação queima muito combustível e emite dióxido de carbono na atmosfera, o principal gás de efeito estufa. Até o mercúrio presente nas obturações dentárias do finado e em possíveis marca-passos pode ser liberado no ar durante o processo.
Alternativas
Para poder descansar com a consciência tranquila, muitas pessoas estão optando por enterros “verdes”. Caixões e urnas biodegradáveis, feitas de madeira, papel reciclado e vime, são algumas opções já disponíveis no mercado e que prometem integração total com a natureza pouco tempo após o enterro.
Para o mais radicais, alguns cemitérios norte-americanos já oferecem a opção de enterro sem caixão, da forma mais natural possível.
Uma proposta recente da cidade britânica de Cambridge quer adotar métodos mais sustentáveis às tradicionais cremações.
Uma das técnicas, chamada de “promession”, consiste no uso de nitrogênio líquido para resfriar o corpo até -196ºC, temperatura na qual ele pode ser desumidificado e fragmentado. De acordo com o jornal The Telegraph, o fino pó decorrente do processo pode ser usado como composto biodegradável ou enterrado em um caixão biodegradável.
Outra opção é o “resomation”, método que submerge o corpo em uma solução alcalina que o dissolve em cerca de três horas. Como a temperatura utilizada neste novo processo é 80 % menor do que a temperatura da cremação padrão, o processo usa menos energia e produz menos emissões de dióxido de carbono.
As técnicas foram submetidas ao Conselho Distrital de Cambridge em um plano de negócios e aguarda a aprovação para serem postas em prática.
Enquanto os britânicos aguardam a liberação oficial para poderem ser enterrados de forma sustentável, os norte-americanos já adotaram a “resomation”, e a “promession” foi patenteada por suecos e é praticada no país nórdico.
Mudança progressiva
Para o presidente da Green Burial Council, Joe Sehee, a procura por enterros sustentáveis deve crescer. "A demanda está aumentando à medida que as pessoas se informam mais sobre a questão", informou à agência de notícias EFE.
Além de reduzir os impactos no planeta, os interessados poderão poupar um bom dinheiro, já que esses enterros costumam ser muito mais econômicos que os tradicionais.
Enquanto em um funeral comum apenas um caixão pode custar cerca de US$ 8 mil, os enterros ecológicos custam entre US$ 300 e US$ 4 mil, dependendo do preço do solo onde se decida repousar eternamente.
(Ecod)
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