Antecessor do 'Homo sapiens' já ocupava norte da Europa há 950 mil anos
Enfrentar o rigoroso inverno da Inglaterra já não é fácil hoje; imagine, então, há quase 1 milhão de anos. Pois cientistas descobriram que os homens antigos encaravam o frio das Ilhas Britânicas muito antes do que se pensava, segundo artigo publicado na edição da revista "Nature".
De acordo com os achados arqueológicos, tribos de hominídeos já ocupavam a costa leste da Grã-Bretanha há até 950 mil anos, numa demonstração de que estes intrépidos ancestrais do Homo sapiens tinham uma surpreendente capacidade para se adaptar a climas mais frios.
Até recentemente, acreditava-se que estes homens pré-históricos, que deixaram a África rumo à Europa pela primeira vez há cerca de 1,8 milhão de anos, tinham se estabelecido apenas em regiões onde as temperaturas eram mais quentes, como a costa do Mediterrâneo e áreas ao sul dos Alpes e dos Pirineus, e não se aventuravam acima dos 45 graus de latitude, onde as baixas temperaturas e o habitat relativamente hostil tornariam praticamente impossível a vida destes antigos caçadores.
Mas as ferramentas de pedra lascada encontradas por arqueólogos do Museu Britânico em Happisburgh, na província de East Anglia, contam uma história diferente.
- Esses achados são, de longe, as mais antigas evidências da presença humana na Bretanha, datando de pelo menos 100 mil anos antes de descobertas anteriores. Eles têm significativas implicações sobre o comportamento dos antigos humanos, sua adaptação e sobrevivência, assim como sobre quando e como nossos antepassados colonizaram a Europa após partirem da África - afirmou o professor Christopher Stringer, pesquisador-chefe das origens humanas do Museu de História Natural de Londres.
Mais do que estabelecer a presença humana antiga nas Ilhas Britânicas, os cientistas também puderam levantar quais eram as condições climáticas e ecológicas da região naquela época, na qual a Terra passava por um período entre glaciações.
No inverno, a temperatura média ficava em 0º e -3º Celsius, pelo menos três graus abaixo da média atual. Já a paisagem era marcada por florestas coníferas boreais, cujas bordas iam e vinham de acordo com o avanço e recuo das geleiras das eras glaciais.
As plantas comestíveis e animais eram raros e espaçados e, no inverno, os dias ficavam curtos e bastante frios, deixando ainda mais duras as condições de vida no local.
(O Globo)
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