Livro apresenta fundamentos sobre ecologia e poluição a estudantes e profissionais que atuam em áreas tecnológicas, especialmente do setor sucroalcooleiro
As atividades humanas, de modo geral, causam interferências na estrutura e no funcionamento dos ecossistemas. Para minimizar a degradação de recursos hídricos, do solo e do ar, é importante que profissionais de diversas áreas tenham acesso a um conhecimento fundamental sobre os ecossistemas naturais e antrópicos.
É o que pretende o recém-lançado livro "Ciências do Ambiente: conceitos básicos em ecologia e poluição", organizado por Irineu Bianchini Júnior, professor do Departamento de Hidrobiologia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), e Marcela Bianchessi da Cunha-Santino, professora do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da UFSCar.
Segundo Bianchini, a publicação, desenvolvida para apoiar os cursos da modalidade a distância vinculados à Universidade Aberta do Brasil, oferecidos pela UFSCar, tem o objetivo de contribuir para o desenvolvimento de um pensamento crítico e de alcance global sobre o desenvolvimento sustentável, o crescimento populacional, a interferência antrópica no ambiente e o papel da educação na preservação do planeta.
"O texto foi concebido para um curso a distância de Ciências do Ambiente voltado para tecnólogos do setor sucroalcooleiro. O curso, com foco em ecologia aplicada, é dividido em duas fases: a primeira apresenta os conceitos básicos das ciências do ambiente e a segunda discorre a respeito das diversas formas de poluição", disse à Agência Fapesp.
Bianchini é responsável, desde 1992, pela disciplina de Ciências do Ambiente nos cursos de engenharia da UFSCar, ministrada atualmente por Marcela no curso a distância. O professor também coordenou dois projetos de pesquisa finalizados em maio, apoiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) na modalidade Auxílio à Pesquisa - Regular, e é um dos pesquisadores principais do Projeto Temático "Destino da matéria orgânica dissolvida liberada por cianobactérias em um reservatório eutrofizado do rio Tietê: estudo de processos".
Segundo Bianchini, a proposta inicial do livro era levar aos alunos - especialmente técnicos e pesquisadores vinculados à produção de açúcar e álcool no Estado de São Paulo - um conhecimento básico sobre os efeitos da cadeia produtiva sucroalcooleira sobre o meio ambiente.
"A primeira parte do livro trata de conceitos ecológicos. A segunda parte aborda a poluição do solo, águas e ar. E a última parte fala dos efeitos da agroindústria, em particular na cadeia produtiva da cana-de-açúcar, sobre o meio ambiente", explicou.
A abrangência da abordagem sobre o setor sucroalcooleiro, segundo ele, vai desde a manifestação da paisagem até os efluentes eliminados pela usina, com eventual contaminação dos corpos d'água, do solo e da atmosfera. "A ideia é que o trabalhador envolvido com essas usinas tenha consciência dos aspectos ambientais, além dos aspectos técnicos, químicos e físicos", disse.
Apesar de o último capítulo ter foco específico sobre a indústria da cana-de-açúcar, o livro, segundo os organizadores, pode ser utilizado por estudantes em geral e profissionais de inúmeras áreas.
"Os capítulos que tratam dos conceitos ecológicos têm grande abrangência e abordam a ecologia com um viés prático. Esse foco foi estabelecido com base nos cursos que apresentei ao longo dos anos para os alunos de engenharia", disse Bianchini.
Durante os cursos, segundo o professor, ficava evidente que muitas vezes os alunos de engenharia - e das áreas tecnológicas de modo geral - não tinham muita informação sobre questões ecológicas. "A intenção não era ensinar-lhes biologia, mas mostrar como o ambiente natural funciona, de maneira simples e prática", explicou.
Outras áreas
Passar o conhecimento sobre ciências do ambiente a esses estudantes, segundo o professor da UFSCar, é uma tarefa coerente com as necessidades atuais da sociedade, que está mais sensível às preocupações ecológicas e mais exigente em relação aos impactos ambientais.
"É esse pessoal das áreas tecnológicas que vai colocar a mão na massa e alterar de fato o meio ambiente. É bom que os projetos deles contenham noção ambiental. Essa base de conhecimento ambiental pode mudar algo dentro de seus projetos que os tornem menos agressivos", afirmou.
O livro está dividido em oito unidades, correspondentes às oito semanas de duração do curso a distância da UFSCar. Os capítulos foram feitos nos moldes de uma publicação científica e todos eles são referenciados.
"Como as disciplinas são apresentadas a alunos que não são de biologia - mas que atuam em outras áreas com interface com a ciência ambiental -, tivemos a preocupação de apresentar informação de qualidade, com formato de um banco de dados", disse.
Mais informações sobre a obra: http://editora.ufscar.br
(Fábio de Castro - Agência Fapesp)
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