Para um inseto que voa alto, migrações de longa distância devem ser fáceis. Ele simplesmente sobe a uma altitude onde o ar está a favor - de 500 a 2.500 pés - e vai para onde o vendo estiver soprando.
Isso é o que muitos cientistas supunham. Porém, um estudo da Inglaterra mostra que algumas mariposas e outros voadores são migrantes ativos, e não passivos. Eles não pegam qualquer vento, escolhendo ventos a favor de alta velocidade que levam geralmente a norte ou sul - dependendo da época do ano - e adaptando sua própria direção de voo, quando necessário para compensar o fluxo.
Jason Chapman, da empresa Rothamsted Research em Harpenden, Inglaterra, e colegas usaram um radar vertical de ondas estreitas para determinar as direções de insetos individuais, voando em migração, vindo - ou indo - do sul da Europa. Eles coletaram dados de mais de 100 mil insetos ao longo de oito anos.
"Nosso radar nos diz que, quando os ventos estão numa direção razoavelmente favorável, as mariposas estão lá em cima em grandes números", afirmou Chapman, principal autor de um artigo descrevendo o trabalho na Science. "Mas, na noite seguinte, se o vento não estiver na direção certa, não vemos nenhuma".
Como as mariposas detectam a velocidade do vento é um mistério, diz Chapman, mas elas provavelmente usam um mecanismo visual para identificar a direção. E elas precisam ter algum tipo de bússola interna, como um senso inato de direção.
Chapman disse que os dados mostram que, quando a direção do vento estava muito próxima de norte ou sul, os insetos voavam com ele, atingindo velocidades de até 90 km/h. Mas se o vento se desviava mais de 20 graus, os insetos mudavam sua direção. "Eles se comprometem", explicou ele. "Eles não podem se dar ao luxo de perder muita velocidade, mas querem estar o mais perto possível do norte ou do sul".
Entender como essas criaturas fazem uso dos ventos pode, eventualmente, ajudar cientistas que tentam prever os movimentos de grandes nuvens de insetos, as pragas, afirmou Chapman.
(Fonte: Folha Online)
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