Descobertos novos fungos luminescentes

Grupo liderado por pesquisador da USP descobriu sete novas espécies de cogumelos luminescentes no Brasil. Silvia Pacheco escreve para o "Correio Braziliense":

A bioluminescência é um fenômeno natural comum em alguns grupos de animais, como vaga-lumes, pirilampos, mosquitos, peixes e moluscos. Ela também ocorre, embora de forma mais rara, em espécies de fungos.

Recentemente, uma pesquisa coordenada por Cassius Vinícius Stevani, do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP), descobriu sete novas espécies de cogumelos luminescentes no Brasil. Até recentemente, o conhecimento sobre as espécies desse tipo estava concentrado em regiões temperadas da Ásia e da Oceania, seguidas das Américas.

A maioria dos fungos encontrados no país está no Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira (Petar), em Iporanga (SP). Outros foram achados no Piauí, no Paraná, em Mato Grosso do Sul e nas proximidades de Manaus.

Entre eles, está o Gerronema viridilucens, usado com sucesso para avaliar a toxidade de metais e compostos orgânicos e que, no futuro, pode servir como biossensor em análises toxicológicas de solos contaminados.

Segundo Stevani, o fungo emite uma quantidade de luz que pode ser medida. "Esse nível é comparado com a emissão 24 horas depois de a placa com a cultura ser exposta a diferentes concentrações de um agente tóxico", explica.

A aplicação do poluente diminui a intensidade da luz. "Com os dados, é calculado o parâmetro toxicológico EC50, que aponta a quantidade do composto necessária para reduzir a luminosidade do fungo à metade. Quanto menor o valor de EC50, maior a toxicidade."

A descoberta dessas espécies de fungos também abre espaço para estudos sobre o processo de emissão de luz. "Ainda não se sabe por que os fungos emitem luz, se eles tiram, do ponto de vista biológico, alguma vantagem dessa emissão. Algumas teorias afirmam que ela serve para atrair insetos disseminadores de esporos ou, ao contrário, para repelir seres fotofóbicos. Mas nenhuma delas foi comprovada. Ainda há a possibilidade de a emissão de luz estar ligada a algum processo antioxidante, evitando danos ao organismo do fungo por radicais livres", afirma o pesquisador.

Ele acredita que as pesquisas sobre esses seres permitirão descobrir a estrutura das enzimas envolvidas nesses processos, o que poderá levar a novas descobertas em diversas áreas, como a de ensaios clínicos e biologia molecular.

Os fungos bioluminescentes geralmente são pequenos e podem emitir luz em todo o cogumelo, ou apenas no píleo (chapéu) ou estipe (cabinho). A luz é sempre verde, apesar de difícil identificação, por ser de baixa intensidade. Eles são retratados no filme "Vida de inseto", servindo como iluminação do formigueiro.

"Nosso país tem a maior biodiversidade do mundo. Para podermos preservar as espécies existentes, devemos conhecê-las e estudá-las. Preservar não é proibir o acesso, mas conhecer a fundo. O estudo de organismos bioluminescentes, dentre os quais os fungos, poderá contribuir para um melhor entendimento do funcionamento desses e de outros organismos eucariontes, levar ao desenvolvimento de novos ensaios clínicos, analíticos e toxicológicos, bem como propiciar o desenvolvimento tecnológico do país", afirma Stevani.

(Correio Braziliense)

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