Equipe de pesquisadores da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) sugere nova arma contra a doença. Em abril de 1909, o jovem cientista Carlos Chagas (1878-1934), então pesquisador do Instituto Oswaldo Cruz, comunicou ao mundo científico a descoberta de uma nova doença, que levaria seu nome.
Causada pelo protozoário que denominou de Trypanosoma cruzi, em homenagem ao mestre Oswaldo Cruz, e pelo inseto que a transmite (conhecido como "barbeiro"), a doença de Chagas - encontrada apenas no continente americano - atinge hoje cerca de 16 a 18 milhões de pessoas em 21 países.
No entanto, uma equipe de pesquisadores da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) apontou o que pode vir a ser uma arma no combate a essa doença, associada às más condições de moradia. Orientada pelos professores Elias Walter Alves e Renato Augusto DaMatta, a bióloga Poliana Deolindo identificou, em sua dissertação de mestrado em Biociências e Biotecnologia defendida na instituição, uma enzima presente no veneno da serpente Bothrops jararaca que pode matar o parasita Trypanosoma cruzi, além de inibir o seu crescimento.
Experimentos realizados em laboratório demonstraram que a enzima L-aminoácido oxidase, ao reagir com aminoácidos livres, apresenta como produto de reação o peróxido de hidrogênio (H2O2), substância que induz a morte celular programada em Trypanosoma cruzi. "Temos dados conclusivos de que a morte do parasita foi causada por um processo no qual a célula programa a sua própria morte", explica o biofísico Elias Walter Alves.
"Observamos características clássicas de morte celular programada nos parasitas após a aplicação do veneno bruto", completa Poliana, que trabalhou com o parasita nas formas epismatigotas - encontradas no intestino do barbeiro, visto que o Trypanosoma cruzi assume diferentes formas ao longo do seu ciclo de vida. "Houve aumento do volume da mitocôndria, organela responsável pela respiração celular, condensação da cromatina nuclear e do citoplasma e exposição de fosfatidilserina (fosfolipídio encontrado nas membranas celulares) na superfície das células", detalha.
Para comprovar a atividade da L-aminoácido oxidase na morte dos parasitas, foram realizados ensaios na presença de catalase, enzima que decompõe o peróxido de hidrogênio. "Na presença da catalase, não havia mais a morte do parasita, o que fortaleceu o indício de que o peróxido de hidrogênio, produto da reação da L-aminoácido oxidase presente no veneno, tem efeitos letais ao parasita", explica Poliana.
Os resultados da pesquisa mostrando o efeito do veneno bruto na indução da morte celular programada do T. cruzi foram publicados na revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz. Recentemente, um artigo identificando a L-aminoácido oxidase como a responsável pela morte dos parasitas foi submetido à Toxicon, renomada revista na área de toxinas.
"Buscamos saber se essa enzima é a única responsável por esse fenômeno ou se podem haver outros fatores envolvidos, visto que a efetividade do veneno não é igual para todos os parasitas", questiona Elias, destacando que a leishmania também é afetada pelo veneno - fato observado em outros experimentos do grupo.
O estudo teve apoio da Fundação Carlos Chagas de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), além do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), do Programa de Apoio a Núcleos de Excelência (Pronex) e da Fundação Estadual do Norte Fluminense (Fenorte). O caminho das bancadas do laboratório até a elaboração de um tratamento efetivo ao Mal de Chagas, no entanto, ainda é longo.
"O peróxido de hidrogênio é um composto bastante tóxico, inclusive para as células humanas. Experimentos verificando se há uma diferença de sensibilidade a este composto entre as células de mamíferos e do parasita devem ser realizados", diz Poliana, que atualmente trabalha na Fiocruz, após concluir o doutorado na instituição. "A ideia é produzir um fármaco para controle da doença em humanos, mas até lá ainda temos bastante trabalho pela frente", completa Elias.
Causada pelo protozoário que denominou de Trypanosoma cruzi, em homenagem ao mestre Oswaldo Cruz, e pelo inseto que a transmite (conhecido como "barbeiro"), a doença de Chagas - encontrada apenas no continente americano - atinge hoje cerca de 16 a 18 milhões de pessoas em 21 países.
No entanto, uma equipe de pesquisadores da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) apontou o que pode vir a ser uma arma no combate a essa doença, associada às más condições de moradia. Orientada pelos professores Elias Walter Alves e Renato Augusto DaMatta, a bióloga Poliana Deolindo identificou, em sua dissertação de mestrado em Biociências e Biotecnologia defendida na instituição, uma enzima presente no veneno da serpente Bothrops jararaca que pode matar o parasita Trypanosoma cruzi, além de inibir o seu crescimento.
Experimentos realizados em laboratório demonstraram que a enzima L-aminoácido oxidase, ao reagir com aminoácidos livres, apresenta como produto de reação o peróxido de hidrogênio (H2O2), substância que induz a morte celular programada em Trypanosoma cruzi. "Temos dados conclusivos de que a morte do parasita foi causada por um processo no qual a célula programa a sua própria morte", explica o biofísico Elias Walter Alves.
"Observamos características clássicas de morte celular programada nos parasitas após a aplicação do veneno bruto", completa Poliana, que trabalhou com o parasita nas formas epismatigotas - encontradas no intestino do barbeiro, visto que o Trypanosoma cruzi assume diferentes formas ao longo do seu ciclo de vida. "Houve aumento do volume da mitocôndria, organela responsável pela respiração celular, condensação da cromatina nuclear e do citoplasma e exposição de fosfatidilserina (fosfolipídio encontrado nas membranas celulares) na superfície das células", detalha.
Para comprovar a atividade da L-aminoácido oxidase na morte dos parasitas, foram realizados ensaios na presença de catalase, enzima que decompõe o peróxido de hidrogênio. "Na presença da catalase, não havia mais a morte do parasita, o que fortaleceu o indício de que o peróxido de hidrogênio, produto da reação da L-aminoácido oxidase presente no veneno, tem efeitos letais ao parasita", explica Poliana.
Os resultados da pesquisa mostrando o efeito do veneno bruto na indução da morte celular programada do T. cruzi foram publicados na revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz. Recentemente, um artigo identificando a L-aminoácido oxidase como a responsável pela morte dos parasitas foi submetido à Toxicon, renomada revista na área de toxinas.
"Buscamos saber se essa enzima é a única responsável por esse fenômeno ou se podem haver outros fatores envolvidos, visto que a efetividade do veneno não é igual para todos os parasitas", questiona Elias, destacando que a leishmania também é afetada pelo veneno - fato observado em outros experimentos do grupo.
O estudo teve apoio da Fundação Carlos Chagas de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), além do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), do Programa de Apoio a Núcleos de Excelência (Pronex) e da Fundação Estadual do Norte Fluminense (Fenorte). O caminho das bancadas do laboratório até a elaboração de um tratamento efetivo ao Mal de Chagas, no entanto, ainda é longo.
"O peróxido de hidrogênio é um composto bastante tóxico, inclusive para as células humanas. Experimentos verificando se há uma diferença de sensibilidade a este composto entre as células de mamíferos e do parasita devem ser realizados", diz Poliana, que atualmente trabalha na Fiocruz, após concluir o doutorado na instituição. "A ideia é produzir um fármaco para controle da doença em humanos, mas até lá ainda temos bastante trabalho pela frente", completa Elias.
(Débora Motta, do Boletim da Faperj)
1 Comentários
a natureza é mesmo fantástica.....bjcas
ResponderExcluirOlá, agradecemos sua visita. Abraço.