Você deve estar pensando: o que o livre arbítrio tem a ver com as tecnologias e com a educação? Como eles se encaixam? Vou mostrar-lhe que têm tudo a ver, uma vez que pensamos fazer a coisa certa, porém nem sempre isso acontece.
O tema central da coluna deste mês está relacionado a uma questão que já se tornou um dilema no meio acadêmico: ao solicitar trabalhos aos nossos alunos – vale aqui ressaltar que os professores fazem a indicação da referência bibliográfica e determinam que os mesmos sejam entregues em meio físico (impresso na maioria das vezes) –, nossos ágeis e "espertos" alunos (aqui podemos enquadrar todos os que têm acesso à Internet e conhecem sites como o Google, a Wikipedia e/ou similares), rapidamente vão à Internet efetuar sua pesquisa. Esse é o procedimento da maioria dos alunos, a fim de obter rapidamente trabalhos prontos, acabados e que somente com a mudança na pontuação, ou com a exclusão de alguns pequenos parágrafos (muitos que fazem isso nem ao menos lêem o produto final para ver se tem coerência ou seqüência lógica) e, é claro, mudam o nome do autor, considerando a sua tarefa concluída.
Já puderam identificar que estou falando do Copia-e-Cola, ou Ctrl+c e Ctrl+v.Nesse caso, podemos apontar rapidamente, sem uma análise aprofundada da situação, alguns problemas sérios: primeiro, a questão do plágio; segundo, a falta de ética; e terceiro, a falta de comprometimento desses alunos com eles próprios e com seus professores. Sendo assim, posso dizer-lhes que o livre arbítrio de nossos pupilos está levando-os a perder algumas oportunidades de crescimento, como por exemplo, a de aprender a pesquisar – isso porque somente fazer uma busca em um site para obter algo pronto e usá-lo sem a leitura de outros materiais para uma análise e comparação não constitui uma pesquisa na acepção da palavra. É preciso ler para escrever com propriedade e produzir textos coesos, como resenhas, artigos e, quem sabe, bons livros.
Aprofundando O principal papel do educador é orientar, mostrar o caminho correto e quais as ferramentas a serem utilizadas para aprender a aprender e assim tornar-se independente – ajudar aos alunos a decidir por fazer as coisas da forma correta, o que fatalmente não ocorrerá com aqueles que continuarem utilizando-se do Ctrl+c e Ctrl+v.
Sou a favor de utilizar a Internet para pesquisas, mas ela não deve ser a única fonte. O advento da Internet é um dos maiores acontecimentos do século passado, esse espaço virtual por meio do qual podemos interagir com qualquer um, de qualquer lugar, a qualquer tempo. Ao fazermos uma analogia com essa potencialidade, podemos dizer que é um grande (ou o maior) banco de dados existente; então como não se utilizar da Internet? Seria uma ignorância não fazê-lo.
O que nós, educadores, devemos fazer ao solicitar trabalhos de pesquisa é criar mecanismos que possam avaliar ou validar a obtenção de conhecimento pelos alunos: podemos solicitar um comentário de próprio punho sobre o que foi lido juntamente com o trabalho impresso ou solicitar uma explanação à turma e ao professor do que foi absorvido do trabalho.
Podemos indicar sites específicos para se efetuar a pesquisa, solicitar uma apresentação de trabalho, com a explanação dos conteúdos e com a ilustração das fontes de pesquisa, utilizar outros recursos da Internet para auxiliar na execução pelos alunos desses trabalhos, como criar um grupo de e-mail da turma para discussão do tema, programar um chat ou, quem sabe, até um fórum de discussão. O professor pode ter um blog, onde estimula o interesse sobre o assunto a ser pesquisado, inclusive com dicas de fontes. Isso sem falar nos Ambientes Virtuais de Aprendizagem, que já são utilizados por várias instituições de ensino.
O fato é que o ambiente educacional pode e deve orientar os alunos a fazer a coisa certa do jeito certo. O professor não deve reprimir o acesso à Internet para pesquisa, mas é fundamental já ter experimentado as situações que citei para que sua estratégia dê certo quando solicitar um trabalho de pesquisa, sem medo de incluir a Internet como uma das fontes.
Artigo de Clayton Ribeiro publicado na revista Profissão Mestre
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