O impacto positivo da vegetação sobre a qualidade do ar é mais do que conhecido. Entretanto, esses benefícios são pouco associados a ambientes domésticos ou a escritórios, locais em que os habitantes das grandes cidades passam a maior parte do tempo.
Uma pesquisa realizada na Universidade do Estado da Pensilvânia, nos Estados Unidos, concluiu que ambientes fechados que contam com vasos de plantas folhosas, como espada-de-são-jorge (Sansevieria trifasciata), clorofito (Chlorophytum comosum) ou jiboia (Epipremnum aureum), apresentam uma concentração mais baixa de ozônio, considerado um dos principais poluentes atmosféricos.
O estudo, que foi publicado na revista "HortTechnology", da Sociedade Norte-Americana de Ciência da Horticultura, não descobriu diferença significativa no impacto de cada tipo de planta nos ambientes. De acordo com Maria Helena Martins, gerente da divisão de qualidade do ar da Cetesb, as concentrações de ozônio em ambientes internos correspondem a uma porcentagem que varia de 10% a 80% das verificadas ao ar livre."
De modo geral, o problema é o ozônio que vem de fora. Nos dias em que a concentração está mais alta - como costuma ocorrer na primavera e no verão, com a maior incidência de luz solar e o clima mais quente - é interessante fechar as janelas", afirma ela.Embora o ozônio do exterior consiga de fato penetrar nas residências e demais áreas internas, é nos escritórios que sua concentração costuma atingir níveis mais altos. Isso porque o poluente é liberado pelo funcionamento de impressoras, fotocopiadoras e luzes ultravioleta, segundo Paulo Saldiva, coordenador do Instituto Nacional de Análise Integrada de Risco Ambiental da USP.
De acordo com ele, o gás tem um papel na chamada síndrome do prédio doente. "São lugares que têm ar condicionado ruim, com presença de fungos, e um grande número de máquinas. O ozônio formado no escritório fica preso, criando um tipo de câmara de intoxicação", afirma. Segundo ele, o risco de sofrer doenças respiratórias é quase três vezes maior nesses locais do que em ambientes fechados com boa manutenção do ar condicionado e menor presença de máquinas."
No caso dos escritórios, o ozônio interno é muito mais importante. Na avenida Paulista, não há problema de ozônio externo porque tem muito poluente primário na rua para consumi-lo e as janelas são bem vedadas", explica. Na periferia das grandes cidades, assim como no interior do Nordeste e do Sul, a situação é diferente. Nessas regiões, seja pelas condições precárias de moradia, seja pelo clima frio, fogareiros improvisados geram muita poluição dentro das residências.Para Saldiva, a presença de plantas em ambientes internos é recomendada não só para diminuir as taxas de ozônio, como apontou o estudo, mas também para aumentar a umidade do ar - principalmente em ambientes com ar condicionado, que costumam ser secos. "A planta reage com o ozônio e o retira de circulação.
Para isso, quanto maior a superfície das folhas, melhor. Além do mais, o local fica mais bonito e não é preciso gastar muito", afirma.Mas nem todo mundo que trabalha em escritórios com grande concentração de ozônio está sujeito a doenças respiratórias. "Cerca de 10% das pessoas têm problemas crônicos, mas não há um conjunto de evidências que mostre um prejuízo a longo prazo na função pulmonar porque ele faz mal só para uma parte da população", explica.
Saldiva cita, no entanto, pesquisas realizadas na Califórnia (EUA) e no México que mostram que o risco existe. Elas concluíram que crianças que moram em regiões com alto nível do gás apresentam um comprometimento da função pulmonar.Além de usar plantas folhosas na decoração, uma dieta rica em verduras e alimentos com betacaroteno ajuda a aumentar os níveis de antioxidantes e a reduzir o efeito deletério do ozônio no corpo.
(Fonte: Rachel Botelho/ Folha Online)
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