Batata, maçã, figo-da-índia. Pesquisas revelaram que em cada um desses alimentos existem substâncias que apresentam propriedades funcionais para o combate à obesidade. São comercializados em cápsulas ou em pó nas farmácias de manipulação ou em lojas de produtos naturais. São também vendidos diretamente para indústrias de alimentos, para serem adicionados em produtos da linha “light” de iogurtes, biscoitos e cereais.
É o caso do emagrecedor natural à base de batata, o Slendesta, que é comercializado pela Kemin do Brasil. Sua característica é a de acelerar a sensação de saciedade e ajudar a administrar a fome. Segundo Diogo Martins, diretor comercial da Kemin do Brasil, “a substância que auxilia o emagrecimento é o Inibidor de Proteinase II (IP2), componente ativo encontrado na batata, descoberto após 20 anos de investimento da empresa em pesquisas clínicas. Elas comprovaram que esse componente aumenta a produção do hormônio CCK (colecistoquinina), responsável pela manutenção da saciedade no organismo”. A empresa realizou mais de 15 estudos clínicos com cerca de 700 participantes para comprovar que o IP2 é capaz de promover a saciedade e a perda de peso com saúde.
De uma espécie de cacto, também conhecido como figo-da-índia, são retiradas as fibras que formam uma espécie de gel ao redor da gordura, que impedem que seu excesso seja absorvido pelo organismo e tornam a planta um ingrediente atraente para o mercado. A descoberta levou ao desenvolvimento do NeOpuntia, pelo laboratório francês Bio Serae. Segundo a farmacêutica Cristiane Fahl, da Galena, empresa que comercializa o produto no Brasil, o NeOpuntia pode ser consumido em cápsula ou em pó, após as refeições. O produto, diz Cristiane, “ajuda o organismo a não absorver a gordura que vem do alimento, auxiliando também na prevenção da síndrome metabólica, doença que congrega a obesidade, o diabetes e a pressão alta”.
Já a substância extraída da maçã é a floridizina, um polifenol natural da fruta, que inibe o transporte de glicose no organismo. Com tecnologia licenciada da empresa francesa Diana Naturals, a Labonathus Biotecnologia Ltda tenta obter a aprovação do Ministério da Saúde para comercializar a floridizina no Brasil. Segundo o diretor geral da empresa, Helvio Collino, estudos mostraram que dois gramas diários desse produto proporcionam o controle da glicose. “Esses dois gramas necessários ao organismo correspondem ao polifenol existente em 50 maçãs. E se é possível ingerir esse concentrado numa cápsula, não é viável consumir todas essas maçãs num dia”, explicou o empresário.
Até o final deste ano, deverá entrar no mercado uma outra opção de ingrediente natural que pode auxiliar no controle do peso que é o amido resistente. De cor branca e sabor neutro, deve ter aplicação em versões light de cereais, biscoitos e suplementos nutricionais. “Entre os benefícios do produto estão o baixo teor calórico, a redução do índice glicêmico, maior tempo de saciedade e melhora no funcionamento do intestino, características que promovem o controle do peso”, afirma a engenheira de alimentos da National Starch, Karla Dellanoce Pereira.
É necessário rigor científico
Mas se o mercado brasileiro tem cada vez mais opções para auxiliar o consumidor que busca a redução de peso, alguns endocrinologistas resistem a elas. Sandra Villares, coordenadora do Laboratório de Genética de Obesidade da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, é muito clara quanto à resistência que substâncias desse tipo provocam entre os médicos. “Todo produto novo precisa ter respaldo científico que sustente a sua indicação para a sociedade. E, mesmo assim, uma substância que aumente a saciedade, por exemplo, não pode ser indicada para todos os pacientes”, explica a endocrinologista. Cada caso de obesidade pode estar ligado a uma causa, podendo ser compulsão por comida, estresse ou outra. Produtos que cuidem da saciedade podem ajudar, mas não são solução para todos os indivíduos que lutam para controlar o peso. É preciso conhecer as causas que levam ao sobrepeso, saber se esses produtos seriam os mais indicados para o tratamento e descobrir se não provocam efeitos colaterais.
Revista Conhecimento & Inovação
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